sobre koans

  • sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
  • Wash.
  • a vida é uma coisa doida mesmo.

    não tenho outra palavra pra definir a vida. é uma coisa doida, pronto. quando eu penso que estou entendendo, que estou sacando tudo o que acontece ao meu redor... bum! tudo entra em colapso, em contradição.
    koans. só aparecem koans: o que diferencia a natureza humana da personalidade individual e coletiva? a inteligencia é uma dádiva divina, ou um acidente de percurso genético? pra que serve a VIDA, no sentido existencial da palavra? qual a diferença do SER e do NADA mesmo, sr. Sartre??....

    esses pensamentos batem na cabeça quando acontece algo doido na minha vida. e sempre me bate essas coisas. sempre me acontecem coisas doidas na vida. com muita frequência, você não faz idéia. quando me meto à besta de contar relatos de coisas que acontecem comigo, as pessoas ficam realmente extasiadas. de verdade, com sinceridade! quer ver um exemplo?...

    hoje foi a TERCEIRA VEZ na minha vida que tive uma arma apontada pra minha cara. eu disse a terceira! não foi a primeira vez, nem a segunda. você pode dizer que a pessoa está numa situação overreacted pelo susto, já que milhares de jovens passam por isso todos os dias nas periferias do Brasil, Mexico, França, Soweto... pode até ser. mas de qualquer forma é uma experiência única e pessoal. além disso quantos vivem pra contar? eu. e por 3 vezes, contando com hoje.

    a primeira vez foi na zona leste de são paulo, saindo de uma festa com amigos e uns "função" vieram tomar um de nós. uma jaqueta, bem juvenil, bem hypada. garotos adoram essas coisas, sejam ricos ou pobres. e todos querem ter, sejam quais forem os meios necessários pra isso. eu tinha uns 18 anos, tava bêbado que nem uma porca, e quis trocar ideia com o ladrão pra entender PORQUÊ ELE TAVA ROUBANDO MEU CAMARADA!!! pode dizer... é MUITA cabassisse querer trocar ideia com ladrão, eu sei. só lembro que olhei pra frente e os cano já estavam na minha cara, sem salvação, eu pronto pra ser fuzilado. meu salvador foi o dono da festa, um local respeitado, que entrou na frente na hora final e rolou a ideia, de ladrão pra ladrão. sindicalizado. daí os mano me pediram até perdão, não sabiam que eu era amigo do fulano. a primeira coisa nesse desfecho se chama "ter contatos". e a segunda se chama "nascer de novo".

    a segunda vez que me aconteceu foi num coletivo. voltando com os amigos de um ensaio pra casa, um maluco pula a catraca do cobrador e se aproxima de nós, olhando fixo. ele pediu o boné e nós levantamos todos, quase automaticamente, numa atitude agressiva; "não se ligou não, maluco?? isso é um assalto!", ele disse, enquanto o amigo lá na frente esvaziava a caixa do cobrador. o comparsa vendo que cercamos o maluco, por sua vez, saca o cano e começa a gritar "vou soltar! vou soltar!"... e é acalmado pelo nosso confrontante. "calma, num solta não", ele disse. "os caras nem tavam ligados"... ainda teve consciência pra fazer isso (consciência??...)

    a terceira vez foi hoje. assaltam a loja que eu trabalho com dois ferros cromadinhos, tinindo. levam todos pra tesouraria e lá vai: "abre esse cofre, malandro!!"... você sabe do resto da estória. ou pelo menos já ouviu muitas delas, nessa cidade caótica. e é arma passeando pra lá e pra cá, passando na frente da sua cabeça, dos outros, soltando a trava... por sorte tudo acaba bem e os vida loka saem vazado com o que querem, sem machucar ninguém. depois do choque, depois de pensar que você não vai ver mais as pessoas que ama incondicionalmente, sua vida tá ali, restaurada de novo, sem nenhum arranhão. e tudo fica mais lento, dá tempo pra vc parar e pensar de novo, e de novo, e de novo... os koans vindo um atrás do outro na cabeça.

    a vida é uma coisa doida. pra que servem essas coisas? pra me lembrar que eu sempre tenho mais uma chance? intervenção divina? mas se fosse, porque eu, uma pessoa normal, tive a chance e outras muitas pessoas, também normais, não tiveram? a primeira reação que as pessoas tem nesses casos é rezar, mas a minha não. a minha é sempre pensar nas possibilidades. pensar no que eu já fiz, no que não fiz, no que ainda tem pra fazer. computar várias avaliações, todas as combinações possíveis. eu ajo ou ignoro?, é isso que eu ainda não tenho certeza.

    Agora sabe o que me deixa admirado, intrigado com isso de verdade? foi a terceira vez que apontaram uma arma pra minha cara e não atiraram. agora me responde: até quando isso vai acontecer? até quando isso é POSSIVEL que se repita? isso é dádiva divina, ou acidente de percurso genético?... porque sinceramente, um cara que saca uma arma e aponta pra cara de outro TÊM a intenção de atirar, e existe uma margem de 50% de chance pra que isso aconteça.

    é ou não é?

    são esses koans que vão acabar me destruindo.
    ou me reconstruindo, seja como for.

    sobre "dissincronia"

  • quarta-feira, 21 de novembro de 2007
  • Wash.
  • notei que meus textos têm tomado um rumo meio niilista, últimamente.

    assisti um dia desses esse filme com o Sean Penn, chama "O Assassinato de um Presidente". o enredo parece pobre: um cara desiludido com o mundo coloca a culpa de seus problemas no presidente, então no mandato, Richard Nixon. mas o motivo está longe de ser a razão principal da estória; é impressionante como algumas pessoas não andam sincronizadas como os outros, com o resto do mundo. meu deus, fiquei pensando nisso: como o mundo é dificil, complexo e inalcançável pra algumas pessoas, as dissincronizadas, as que levam a vida em seu prório tempo do jeito que acham melhor. as que procuram se encaixar, e sofrem tentando em vão: aliás, esse filhadaputa do Sean Penn sabe interpretar, viu. pra caralho. dá pra ver o esforço que o cara faz pra se adaptar, o sofrimento em tentar agradar e só ver as pessoas se afastando, as coisas dando erradas. a solidão destruindo uma pessoa que necessita de companhia. em pensar que isso pode estar acontecendo com alguém, seja aonde for, em algum canto do mundo, agora... sim, dá pra imaginar que existam vários "dissincronizados" por aí. em certo grau - muito mais leve por sinal - eu posso até me enquadrar num caso de dissincronização: sem extremismo, claro. sem atitude sociopata, por deus!... comprovadamente eu sei como me relacionar, de boa... de boa... (sic). um dessincronizado só no jeito de ver como as coisas são e como elas deveriam ser, mas até lá eu sei qual é a distância, eu sei que ela não pode ser impedida e eu sei que isso me mantém LONGE de encrenca. enfim...

    realmente, o sean penn sabe dar vida pro bagulho. dúvido que ele seja um dissincronizado como o personagem, mas ele sabe do que se trata, muito bem. ele tira de dentro de si um cara empatado, que quer viver normalmente, tratar e ser tratado com carinho, mas que nunca será compreendido. nunca será aceito. as pessoas o repudiam, acham-no ridículo. e pior, ele nunca saberá como reverter isso. é triste como um pequeno parafuso solto na fuselagem pode comprometer a estabilidade da máquina inteira. engraçado é que se pensar bem, você vê pessoas assim na rua, em seu bairro, na sua vila. algumas dessas pessoas que perambulam sem destino nas ruas de São Paulo podem ter sido pessoas antes como eu e você. a dissincronia foi aumentando gradativamente, o "jogo" do parafuso foi afetando a fuselagem toda, as engrenagens internas. o fim é a rua, a invisibilidade social, o esquecimento. a regra é clara: é a vida como tem de ser vivida, como é imposta, ou a rua... óbvio que todo mundo tem problemas, mas pessoas assim sofrem demais nesse mundo-purgatório, tanto quanto (ou mais) que deficientes físicos, homossexuais, negros, indios, mulheres, sérvios, tutsis, curdos. a crueldade contra as diferenças está espalhada por todos os reinos, imprescindívelmente.

    cada dia que passa continuo achando que o mundo não precisa de mais pessoas, e pessoas não merecem essa vida cretina que alivia um lado pra pesar de outro.

    esterilização em massa já.

    sobre drogas, baixo, sax e bateria

  • quinta-feira, 15 de novembro de 2007
  • Wash.
  • souvenir.
    aquilo nunca tinha me acontecido antes.
    de repente meus ouvidos foram fisgados por esse som incrível, que eu já tinha ouvido milhares de vezes por sinal, que eu nunca havia prestado atenção com tanta minuciosidade por sinal. as orelhas se dirigiram zumbificadas, como se ouvissem o chamado selvagem (que porra de chamado selvagem??!!...)
    sei lá. só sei que fiquei preso, ouvindo, detalhando.
    virou uma neblina e se misturou com lembrança.
    escureceu a sala toda e abriu só um clarão no meio, como aquelas cenas de film noir, chinatown, humphrey bogard... enfim; o que importa é que a fumaça do som se tornou lembrança.
    umas particulas que a gente pensa que perdeu pra sempre, mas não: estavam guardadinhas com cuidado, num cantinho. com carinho até.
    umas ceninhas, da porta de casa, de 4, 5 anos.
    levar o colchão no telhado pra pegar um solzinho do meio dia.
    os anos 80 chegando era a novidade. parece tudo mais claro.
    engraçado: esses caras de cinema realmente conseguem passar conceito de flashback, porque é igual...
    um pouquinho do cheiro da casa dos vovozinhos que tinha no apartamento da frente.
    latas de ferro da coca-cola, com anel pra puxar.
    hidrante que a galera consegue abrir e esguicha vapores de arco-iris no prisma do sol quente de dezembro.
    dias de domingo e amigos caminhando pela pista do aeroporto e deitando debaixo da cabeceira de pouso, completamente desafiando a vida quando se pensa em caos aéreo.
    tudo vindo na mente em 10 milésimos de segundo... que arquivo invejável que essa massa cinzenta comporta. processador nessa velocidade nunca será copiado.

    ...quer tentar? aposto que você consegue também...


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    sobre a caminhada da humanidade

  • segunda-feira, 15 de outubro de 2007
  • Wash.
  • mais de dois meses sem postar nada.

    é o que eu digo: se rola um problema, me dá um "writer's cramp" fuderoso, não tem jeito. mas problemas resolvidos, vamos lá. e botando a cabeça pra funcionar até demais...



    "a própria consciência cria uma defesa contra o erro; interromper forçosamente qualquer dos afazeres naturais do homem implica em quebra de uma dos pilares dos direitos humanos: a liberdade."

    de repente me ocorreu isso vendo um documentário sobre a devastação humana contra o globo terrestre. a espécie humana é uma praga infecciosa mesmo. sobretudo o desenvolvimento do pensamento humano. a consciência da presença humana como um ser pensante, supremo e dominante sobre o planeta deu o primeiro impulso para a destruição da biosfera. to viajando muito? nem fudendo...!

    entenda: esse lance de que a poluição humana destruiria camadas protetoras da atmosfera, aumentaria a temperatura do globo terrestre, efeito estufa, el niño, nova era do gelo... de repente isso se tornou a preocupação mundial. assim, de repente. será que foi por causa de um filme?? ou será que os estudos cientificos que vêm sendo feitos à décadas, pelamordedeus, NUNCA foram capazes de prever isso antes??? EU DUVIDO FUDIDO! essa superproteção ao planeta deveria ter começado há pelo menos 50 anos atrás, quando se iniciava o processo de consumo em massa, quando as embalagens descartáveis e o fast-food foram inventados, quando as familias mandavam um foda-se pro planejamento familiar (graças à instituição religiosa) e tinham 12, 15 filhos sem pensar que cada um desses filhos poderiam ter mais 12 filhos: me explica COMO um ser que descobriu que é imune à qualquer outra espécie predatória (a não ser a si próprio), um ser que usa seu tempo tentando descobrir como se livrar de doenças e COMO VIVER MAIS... como um ser assim vai conseguir parar de se reproduzir? como um ser assim vai fazer um planejamento demográfico???... de boa, a tendência é continuar se reproduzindo, continuar gerando lixo e poluição, até o fim.

    e agora que já fodeu tudo, resolvem alertar ao mundo que estamos à beira de um colapso. sem contar, é claro, que 95% dos habitantes NÃO VAI PARAR de fazer o que está acostumado a fazer, não vai mudar sua rotina. as pessoas são inteligentes pra coisas relacionadas ao seu próprio beneficio: "o mundo não é meu! é dos outros! sem contar que quando isso acontecer, eu estarei morto mesmo!". esse é o primeiro pensamento que vem à cabeça, fala a real! é automático. ninguem pensa que esse planeta à beira do colapso é a SUA CASA. todo mundo quer ter o orgulho de botar um filho no mundo. isso é digno: ser pai, ser mãe. é instintivo. mas NINGUÉM pensa o que vai acontecer quando esse filho tiver 30 anos e for dono do próprio nariz, se ele vai preservar o planeta, se ele vai morar na rua ou se ele vai ser um dos grandes interessados em continuar lucrando pra sí próprio pelos meios que forem necessários. quando aos 5% restantes que tentam salvar o mundo, metade desses estão interessados mesmo em se auto-promover e/ou estão nessa porque é a "nova moda".

    mas o fato é que eu comecei a escrever por causa do paradoxo que envolve isso tudo e a consciencia humana. vamos exemplificar. se, por acaso, não houvesse outro jeito e uma instituição mundial - a ONU, por exemplo - decretasse normas rígidas a serem seguidas por CADA UM dos habitantes humanos... sabe o que iriam alegar??? violação da liberdade. liberdade, fraternidade, igualdade. essa mesma, das bases dos direitos humanos. vamos por partes:

    onde a igualdade é preservada? pelos 10% que retêm o poder e consequentemente a economia mundial contra os 90% restantes que beiram a miséria??? todos tem direitos iguais, mas alguns que tem "mais direitos iguais" do que outros?

    e a fraternidade? o que sustenta essa base, com líderes politicos que "criam" guerras para seus próprios beneficios? guerras por diferenças de crenças religiosas? preconceito racial, de genero sexual, de escolha sexual, de especismo?? isso sustensa a fraternidade??

    mas a liberdade, ahhhh! a liberdade TEM que ser preservada! o homem tem que ter o direito de ir e vir, de fazer o que quiser, de se reproduzir como quiser; o governo chinês instui que cada casal no país pode ter somente UM FILHO, e o resto do mundo acha isso errado, principalmente as pessoas que sofrem influência da religião. a consciência natural automaticamente já julga que isso é intervençao da liberdade pela autoridade. isso porque quando a china instituiu esse planejamento familiar, eles eram quase 1 bilhão; hoje são 1 bilhão e 300 milhões... uma das únicas atitudes pensantes do homem e o resto do planeta reclama.

    o homem tem direito de fazer que tiver vontade, principalmente com o lar dele - o planeta - dividido delicadamente por regiões. isso é um direito inquestionável, instransponível! e é exatamente nessa base, a única propositadamente inviolável, que se mantém o paradoxo do fim da espécie humana e o fim do planeta que vivemos. e o inevitável fim de tantas outras espécies que também vivem nele e que não tem culpa alguma de isso estar acontecendo.

    a consciencia existe estritamente para beneficio próprio, todo mundo sabe disso: "o importante é que EU não faça besteira. se meu vizinho fizer, o problema é dele. quem vai se fuder é ele"... se não existe consciencia coletiva, alguém precisa IMPOR uma consciencia coletiva. não há outro meio. é aí que entra o paradoxo: a consciencia pessoal vai te dizer que algo que é IMPOSTO CONTRA A SUA VONTADE é a quebra do direito à liberdade do homem moderno, civilizado e pensante.

    uma bactéria infecciosa. um ser criado pra destruir, inclusive a si próprio. é a natureza humana. nenhuma divindade, justamente por ser onipotente, teria pensado em criar uma praga que destruiria todo o resto. a não ser que a intenção fosse essa: ..."agora, minha obra-prima! o ser que vai dominar tudo sobre esse planeta, que vai se reproduzir e povoar descontroladamente os 4 cantos, que vai descobrir que pensa, vai se tornar egomaníaco, indestrutível, e consequentemente que vai destruir tudo isso que eu acabei de criar!! essa é a minha obra-prima!"

    não. eu duvido fudido também. acho que acabei explicando também porque eu duvido na existência de uma divindade: dúvido que um ser que concebe almas seria tão desalmado assim ao colocar seres vivos sobre um planeta pra que um deles destruisse todos os outros e a si próprio: um plano que ele já saberia que iria falhar.


    agora eu vou ler um pouco de Sartre.

    sobre uma banda fudida de boa!

  • terça-feira, 7 de agosto de 2007
  • Wash.
  • mais uma vez, sem texto. só imagem.



    me perdoe o povo do metal, do hardcore, do punk, do emo bom e do emo ruim... mas Lifetime continua fodasso!

    volto em breve.

    sobre as melhores cousas luzitanas

  • quarta-feira, 27 de junho de 2007
  • Wash.
  • só pra não deixar isso aqui empoeirando, nos meus tempos de 'writer's cramp', vamos lá com uma amostrinha dos portugas do Revolta dos Pastéis de Nata: apresentando... Warderley, o portuga mais 'brazuca' de todos os tempos.


    sobre sonhos estranhos

  • sábado, 2 de junho de 2007
  • Wash.
  • dia chuvoso. hoje vai ser à base de chá, crackers, pipoca e tv. nada bom, mas nada mal também. whatever.

    durante 3 noites seguidas eu tive um sonho. estava num deserto - não num deserto de areia, tinha grama no chão e mais nada. um lugar plano, vasto, sem montanhas, sem árvores, sem casas, sem ninguém por perto; o detalhe curioso era apenas um caixote gigante de vidro transparente. e eu dentro. deveria ter uns 2,5m x 2,5m, algo que me deixava bem confortável dentro; digo confortável porque não me deixava espremido em nenhuma de suas extremidades, me deixava bem livre. em compensação não havia móveis ou nada que me distraísse ou me "confortasse" de fato, dentro dele. só eu e eu mesmo. outro detalhe estranho é que eu vestia só com uma camiseta de algodão, bem comum, e cueca. só isso. tirava ainda mais o meu conforto, ao saber que a transparência do vidro me mostraria, indefeso, aos olhos de quem quer que fosse que por ali passasse. mas não havia ninguém e mesmo não havendo motivo pra me preocupar, eu me preocupava. a caixa de vidro estava selada, não havia entrada nem saida, e começou a esfriar. e nevar no campo em minha volta. e sobre a caixa de vidro e aos lados. não havia como o vento gelado passar pelo vidro, mas eu sentia o frio do gelo contatando nas paredes desnudas. e não pude me encostar em nenhuma delas. pra tentar me aquecer. só pude ficar no meio, bem no centro da caixa, encolhido, tentando um contato maior entre todos os membros do corpo, quase numa posição fetal. pra tentar me aquecer.

    e de repente o frio se foi, o gelo começou a derreter e o sol sobresaiu do meio das nuvens, com raios agradáveis. as outras sensações de preocupação se foram, só os raios solares importavam e me davam prazer, me beneficiavam, naquela hora. e o sol se firmou no topo do céu, começou a ficar forte, cada vez mais forte. começou a esquentar demais, arder, queimar, sufocar. a redoma de vidro se tornou um forno, sem escape, sem porta de saída, sem uma sombra que poderia me salvar. e ninguém aparecia.

    e então eu acordo.

    ainda não sei bem o que isso significa. pode ser muita coisa, e pode ser nada. pode ser o frio da madrugada, na hora em que eu perco o cobertor, e ainda dormindo busco ele depois de meus pés, onde começa a esquentar e ficar agradável. em seguida o sol forte da manhã batendo sobre o cobertor, sufocando e me fazendo despertar suando forte.

    whatever.

    sobre foguetes vindos de túmulos

  • terça-feira, 24 de abril de 2007
  • Wash.

  • eu sou um "apreciador" do rock, em todos seus estilos. quem me conhece sabe da abrangência. me garante a afirmação também o fato de saberem que não me limito só ao rock: gosto da música criada no delta do Mississipi, do samba de raiz paulistana, amo o jazz no seu todo, adoro Leonard Cohen, John Cage, Bernard Herrman e Ennio Morricone, Sinatra e Gershwin, o velho Ludwig van, Schöerberg, Nusrat Fateh Ali Khan, musica klezmer... e aí vai. mas sempre com discernimento, veja bem, isso é importante.

    obviamente tem gente que acha absurdo essa abrangência toda; acham até incoerentes algumas perspectivas: não acredito, por exemplo, que exista a capacidade de se criar algo NOVO seja dentro do termo rock; de Link Wray até Napalm Death, tudo que tinha que ser feito já foi feito. daí em diante é só remodelagem. enfim, sou abrangente (odeio a palavra écletico: eclético é quem gosta de metallica e alexandre pires) mas nasci com essa interferência social nos genes: o rock'n roll. agora se fosse pra escolher, qual nome você diria que foi a melhor banda de rock? de todas!??...

    é uma pergunta meio complicada de responder tendo em conta a significância que Black Sabbath, Ramones, AC/DC, Black Flag, Led Zeppelin e Beatles, no que se engloba como rock, tiveram na história da música. eu sei, é um tiro no escuro. mas veja bem: eu não disse A MAIOR, eu disse A MELHOR. e no que se diz ROCK, exatamente no termo. eu posso fazer uma lista imensa de "melhores", em todas as subdivisões de sonoridades do rock: heavy, punk, thrash, goth, vintage, hardcore, indie, noise, eletrônico, kraut... você sabe que existem N vertentes. mas o ROCK, a síntese do significado, o must, o cerno do termo... você saberia dizer qual é a melhor?

    depois de anos pensando no assunto, eu descobri: foi o Rocket From The Crypt. não tenho dúvidas. e como eu disse, passei muito do meu valioso (ocioso) tempo pensando no assunto. e você conhece o RFTC né? não? vá lá: o Rocket From The Crypt foi mais uma idéia genial do luso-americano John Reis, mais conhecido no submundo como Speedo. antes do RFTC ele tocava no não menos genial Drive Like Jehu, considerado por alguns o começo do que chamam de "emo", junto com as bandas de DC. Jehu broke up, ele juntou alguns companheiros de San Diego e iniciou o RFTC. a fórmula do começo era mais indie, que mudou bastante a partir do terceiro full-lenght do grupo, entitulado "Scream Dracula, Scream". daí ficou mais visceral, raiz. cada vez mais rock puro. de 1991 à 2006, caminharam 15 anos evoluindo o termo "rock".

    daí semana passada andei buscando umas mp3 dos discos que eu não tenho. e com meia hora de audição do que fizeram nesses 15 anos, dá pra perceber os elementos de alguns nomes que botaram o estilo no mapa da música: Chuck Berry, Supremes, Buzzcocks, Dead Boys, The Trashmen, Sonic Youth, MC5, AC/DC, James White, Misfits, The Cramps, Screaming Jay Hawkins, Motorhead. juro: fazendo uma boa seleção e prestando bem atenção, você encontra elementos que remetem a todos esses nomes. cada um tem sua importância na estoria do rock, e o sr. Speedo e sua trupe conseguiram agrupar tudo isso numa banda só. e olhem só, com coerência. isso sem dizer o efeito que fizeram no som de alguns contemporâneos e posteriores, como Supersuckers, Hellacopters, New Bomb Turks, Pogues e Murder City Devils.

    taí a resposta: Rocket From The Crypt foi a melhor banda de rock. se alguém tem alguma outra sugestão, por favor apresente-a: eu não tenho outras alternativas. paralelamente com o RFTC, Speedo mantinha o Hot Snakes que também era ótimo. acabou quase simultâneo com as duas bandas e agora só mantém o Sultans. fodasso, mas RFTC é sua obra prima. faz parte da história como ponto climático do estilo.

    alguns sites pra conhecer melhor o RFTC:

    RFTC! Site Oficial
    RFTC no Wikipédia
    RFTC Interview

    sobre possibilidades

  • domingo, 22 de abril de 2007
  • Wash.
  • taí uma campanha publicitária caprichada:

    sobre um prefeito acéfalo

  • sexta-feira, 20 de abril de 2007
  • Wash.
  • olha, não costumo emitir opiniões políticas, mesmo porque não as tenho: não gosto de política nem tampoucos dos que a realizam. portanto qualquer coisa que eu disser vai soar como conversa de estranhos em fila de banco, ou conversa de boteco no fim do expediente do escritório.

    mas esse prefeito aí... tá foda.

    a cidade de São Paulo tem como tradição eleger prefeitos inúteis. desde a época que eu me lembro, pelo menos: Jânio Quadros era a criatura mais confusa dessa terra; Luiza Erundina só rebolou sob o nome do na época "imaculado" Partido dos Trabalhadores; Maluf e Pitta... precisa dizer??

    Desses anos todos, talvez a única que tenha feito "algo" pela cidade foi a ex-senhora Suplicy: criou o Bilhete Único integrado e... e... que mais? há: criou a Taxa do Lixo (sic).

    agora o sexagésimo prefeito que essa grandiosa cidade vê, tem como objetivo se tornar o mais odiado dentre todos que já passaram por esse cargo. obrigado sr. José Serra, por desistir do cargo pra iniciar a caminhada EM VÃO da disputa à presidência. dado o ato acéfalo feito, deixou o cargo na mão do vice Gilberto Kassab.

    eu disse "VICE"!! é. vice. eu não votei nele, alguém aí votou nele? levanta a mão! (barulho de grilo cricando...) e o ilustríssimo desconhecido vice chegou botando banca: chega dizendo que o problema de enchentes não tem jeito e que os moradores da cidade se conformem; bota uma lei anti-publicidade sem cabimento e SEM PRECEDENTES na cidade; manda os feirantes calarem os bicos; manda recolher os mendigos das ruas e escurraçar moradores da ocupação Prestes Maia, pra cidade ficar mais limpa... "apresentável" pra elite que quer ser instaurada no centro velho; abusa da autoridade e expulsa pessoas de lugares públicos por expressarem suas opiniões; aumenta a passagem do transporte público, estabilizada há mais de 2 anos, em 15%; fecha os bingos DE NOVO, onde muita gente honesta trabalha como empregado... pode ser que todas essas estórias você já ouviu antes. mas tudo de uma vez só, assim???

    ***

    aí um dia desses eu fui num centro cultural na periferia de são paulo e quem aparece lá, com uma comitiva de personalidades da tv e uma frota de seguranças de dar inveja ao Bush??? ele mesmo! o VICE!! eu olhei e não espetei, não xinguei, não cuspi nem taquei pedra. aff, se arrependimento matasse...

    possível diálogo imaginado:

    (eu) -olha... não é aquele VICE-PREFEITO?
    (kassab) -você está desatualizado, vagabuuundo: agora eu sou prefeito!
    (eu) -prefeito? eu não vi seu nome na cédula de votação. eu não votei em você. alguém aqui votou nele??... (cri-cri-cri...)
    (kassab) -vagabuuuundo! fora daqui, vagabuuuundo! tira esse vagabuuundo daqui!!!
    (eu saindo, levando borrachada nas costas)

    ***

    a minha vontade é que essa mula fizesse uma coisa muito, muito filha-da-puta. tipo cortar o benefício do bilhete único: aí eu queria ver ele segurar a bomba do povão enfurecido DE VERDADE. mas é isso que ele quer, não é? seria um problema de diminuição da auto-estima do vice, psicológicamente falando? quer chamar a atenção??... do jeito que está, ele vai conseguir, e ao contrário do que ele imagina, não vai ser bom pra ele.

    se liga, vacilão.

    sobre Top 10 de qualquer coisa

  • quinta-feira, 12 de abril de 2007
  • Wash.
  • minha mais nova mania "inútil" tem sido formar pastinhas mp3 de Top 10. dos mais variados. Top 10 hardcore americano, top 10 post rocks, top 10 musicas mais tristes, musicas mais curtas, lixo dos anos 80... vale tudo. você pega uma por uma no soulseek, faz a pastinha na sua ordem - ou sem ordem de preferência, bota no media player e fica curtindo. bobinho, mas eficiente. é óbvio que é pra ocupar o tempo, não é melhor que sexo ou comida... mas é uma boa diversão, de qualquer forma. sempre que eu assisto o Alta Fidelidade do Stephen Frears/Nick Hornby, acabo voltando nessa mania. na verdade eu tenho essa mania desde que eu aprendi a escrever, aos 6 ou 7 anos. tinha essa mania de fazer caderninhos com listas, das mais variadas: desde lista continentes ou países até lista de todos os presidentes do Brasil... super coisa de criança-nerd-retardada-sem-amigos... mas eu tinha um cachorro, então eu era feliz.

    vou colocar aqui duas listas recentes que eu fiz. são completamente variáveis: fiz de acordo com lembranças rápidas, estado de espírito, fase musical e, obvio, opinião pessoal. portanto não me aporrinhe dizendo que "faltou isso ou aquilo" ou que a minha lista está "incoerente". fuckin' dane-se. aliás se quiser as músicas, tem um link logo abaixo da lista:


    Top 10 Female Voices (vozes femininas)

    Powered by eSnips.com
    http://www.esnips.com/web/top10femalevoices


    Top 10 Male Voices (vozes masculinas)

    Powered by eSnips.com
    http://www.esnips.com/web/top10malevoices

    sobre gags e "timing"

  • domingo, 8 de abril de 2007
  • Wash.
  • Chuck Jones, o rei do timing. Achei no YouTube um dos meus preferidos dele. a dublagem tá em francês, mas dá pra entender usando a "linguagem universal da dedução"...

    sobre a "terra dos bravos"

  • quinta-feira, 29 de março de 2007
  • Wash.
  • fico impressionado como os americanos são burros.

    ***

    ok, depois de ver a minha primeira frase escrita e repensada, pode ser que eu esteja generalizando. afinal de contas o documentário de Michael Moore, Fahrenheit 11 de setembro, arrecadou 100 milhões de dólares nos cinemas americanos; isso significa que muitos americanos se dispuseram a ver o ponto de vista de Moore, mas ao mesmo tempo isso não significa que concordaram, já que George W. Bush foi re-eleito. "Esse cara foi re-eleito!!"... e instantaneamente volta a primeira frase em questão: o que esse povo tem na cabeça??? com tanta informação e com pessoas inteligentes mostrando a verdade, usando ferramentas midiáticas abrangentes como o cinema e a internet... o que os faz manter a opinião e releger um tipo desses?? meu deus...

    não que eu tenha algo a ver com isso; quem sou eu!!! só mais um habitante desse planeta, no mesmo barco que outros bilhões - num barquinho mais fraco, destinado aos sulamericanos, ok!; mas sou só mais um. minha presença é descartada nas decisões mundiais, obviamente. sem contar que nem é meu povo, minha terra natal, minha "tribo", assim por dizer. o problema é que temos que conviver com as decisões deles. além disso o principal governante do meu país também foi re-eleito. e convenhamos: ele não é nenhum gênio, nem visionário nem incorruptível. mas ao menos não tem a capacidade de intervir nas relações do mundo todo. o Luís Inácio tem a optativa. já o sr. Bush tem a decisão final.
    mas me irrita muito o pensamento americano de que na America do Sul inteira só tem indios; aqueles rednecks que pensam que a capital do Brasil é Buenos Aires, que aqui não tem geladeiras, que o povo anda de sarongue na rua, que os turistas são imobilizados com "boa noite cinderella" pra terem seus rins extirpados e vendidos no mercado negro! aff, como esse pensamento arcaico jesuíta me irrita!! você não faz idéia... na Europa também pensam quase isso, mas é uma coisa mais antropológicamente centrada; sabem que somos pobres e reconhecem as camadas de desigualdade social, mas sabem que não somos esclarecidos quanto a nossa situação (digo a relação rico-pobre e a força de uma revolução social). o japão também é preconceituoso, mas eles não contam: vão na onda que os EUA estiverem. "maria-vai-com-as-outras" mesmo, sem medo de se enganar. já deveriam ter aprendido depois da bomba, mas ok. um dia eles aprendem. por enquanto é cômodo pra eles...

    agora o contra-ponto: vamos evitar a generalização. existe muita gente interessada em acabar com o estereótipo paranóico e ignorante do americano. pra mostrar que não estou generalizando a "burrice americana", dá pra fazer um Top 5 de cabeças pensantes americanas que se destacam nos meios de comunicação. Top 5: mais que 5 já seria um desafio!...


    -Michael Moore se destaca pelo sarcasmo que usa na crítica da sociedade americana. armas, paranóia, multicorporações exploradoras de mão-de-obra, e principalmente George W. Bush são seus principais alvos. é um cara esperto, mas as vezes se deixa levar pelo orgulho americanista patriota; dá pra perder uns pontos, quando ele age assim. mas enfim...

    -Noam Chomski é um cara realmente que sabe do que está falando. deixa de lado um pouco da sua função principal - a linguistica - só pra descarregar um pouquinho o seu rancor pela política "new-romano-imperialista" americana. sua critica se dirige mais politicamente mesmo, fazendo planos de como o governo americano domina e destrói as relações mundiais, e consequentemente implode sua política interna dessa forma.

    -Jello Biafra é um punk que pensa. quase um quarto de século dedicados a ridicularizar a política americana, aos dogmas católicos e aos bons costumes yankees; destacando o episódio da candidatura à prefeitura de San Francisco, da qual quase saiu vencedor.

    -Lenny Bruce pode estar na lista, apesar de ter feito tudo da forma que queria. Na verdade ele usava de uma critica social corrosiva pros seus próprios fins. Ganhava até um bom dinheiro com isso - até aí Moore e Chomski também ganham MUITA grana dessa forma. Era comediante de stand-up, esses que ficam nos palcos contando piadas. As piadas, no caso, eram sobre padres, atores hollywoodianos, congressistas, política externa... foi expulso de muitos clubes nos EUA inteiro, processado, preso; suas opiniões até ganharam arquivo no FBI. morreu em 66 no banheiro de sua casa em Hollywood, overdose de morfina.

    -Matt Stone é o co-criador da série South Park: descarrego mais bruto da podridão social americana impossível. os 4 garotos do pequeno condado caipira se deparam o tempo todo com a hipocrisia, o racismo, o falso-moralismo, a cultura "inculta" e a paranóia americana. só não vê quem fecha os olhos.

    sobre writer's cramps

  • terça-feira, 20 de março de 2007
  • Wash.
  • eu sabia. é sempre assim: tenho bloqueios quando fico com algum problema ou deprê com alguma coisa. cabeça cheia de preocupação e pronto!: não consigo escrever mais nada. fico assim um tempão e o blog lá, mofando, esperando minha deprê passar. é realmente desnecessário...

    não tenho feito nada, além de ir atrás de empregos. o resto do tempo? ocioso em casa, na frente do computador e me apoiando no controle remoto da tv. a faculdade também é bem-vinda (não todo dia, mas é necessária...). me abstenho do contato dos amigos nessas fases também, é inevitável. melhor pra eles, porque fico insuportável.

    não sobrando muita coisa pra falar sobre, toma aí o Top 5 de Som e Imagem da Semana:

    SOM:
    1. Dinosaur Jr. - Beyond (a volta de J., Lou e Murph: sensacional).
    2. Andrew Bird - meu atual herói musical.
    3. The Locust - tudo.
    4. Johnny Cash - todos da série derradeira "American Recordings".
    5. Elton John - só a Tiny Dancer, porque essa musica é maravilhosa.

    IMAGEM:
    1. O Operário, com Christian Bale em versão Auschvitz.
    2. A Era do Gelo - os dois na sequência... bobinho mas diversão garantida.
    3. O Virgem de 40 anos (-sabe como eu sei que você é gay? -como? -você gosta de Ásia!)
    4. Bob Esponja, o Filme (pode ser que eu perca a credibilidade geral aqui; mas é sério. é foda!)
    5. Panico na TV zoando o Bush.

    PS: ainda sobra como recompensa os filmes do Cassavetes que tá rolando no CineSesc. essa vale MUITO a pena.

    sobre barulho escroto

  • quarta-feira, 7 de março de 2007
  • Wash.
  • à primeira audição do The Locust, a impressão que se tem é de dislexia. nesse disco novo, chamado The New Erection (se vc acha o titulo do disco bom, precisa conferir o das músicas!), os caras incluiram um elemento que difere dos passados - o kraut rock. era de se esperar ,ou não (...?), já que eram no inicio uma banda de grindcore com a peculiaridade única de usar um moog... daí sem tem uma idéia do que se trata, ou seja, você NÃO TEM IDÉIA de como fica né!... pois é. fica estranho.

    incrívelmente eles ouvem grind, thrash-metal oitentista, jazz avant-garde, death, kraut... e conseguem misturar tudo isso de forma coesa. tudo fica encaixado, inexplicavelmente coerente. no quesito coerência, de fato, não diferem do que já fizeram no passado; mas nesses 3 últimos discos (Plague Soundscapes e Safety Second, Body Last) o virtuosismo e a solidez do estilo "locustiano" ficaram inabalados. é um barulho de dar medo de ouvir. chega no ouvido com aquela interrogação, só provocada por inovadores como John Zorn, Napalm Death, John Cage, DNA... coisa desse nível.

    outro fator curioso são as apresentações ao vivo bombásticas: sempre à caráter - travestidos de gafanhotos. exercem as musicas de forma impecável (se bem que ouvidos despreparados diriam que estão tocando qquer coisa) e com uma performance violenta, dando realmente a impressão de um enxame de insetos vorazes. outra coisa que destaca é o fato de se notar, entre os intervalos de um som e outro, que o vocalista é fanho!!! sinceramente não faz diferença quando ele canta, cá entre nós...

    discografia:

    Split 10" EP com Man Is The Bastard (1994)
    Split 5" com Jenny Piccolo (1995)
    The Locust 7" (1998)
    The Locust (1999)
    Split 7" com Arab on Radar (2000)
    I'll Be A Monkey's Uncle remixes (2000)
    Flight of the Wounded Locust (2001)
    Split 7" com Melt-Banana (2002)
    Follow The Flock, Step In Shit (2003)
    Plague Soundscapes (2003)
    Safety Second, Body Last (2005)
    New Erections (2007)

    sobressas cousa di'cumo nostra genti parla

  • segunda-feira, 5 de março de 2007
  • Wash.
  • o jornalista Alexandre Marcondes Machado (1892-1933) nasceu no interior de São Paulo, em Pindamonhangaba. Quando mudou-se para a capital, o contato com a comunidade imigrante italiana o empolgou tanto que criou um personagem - Juó Bananère - baseado no dialeto macarrônico criado com a mistura do português e o italiano. ficou popularíssimo na época, escrevia artigos e transpunha contos e poesias de outros escritores (adaptações de La Fontaine, por exemplo) em macarrônico. escreveu apenas um livro, tido hoje como raro, chamado La Divina Increnca. grande "seguidor" de seu estilo foi Adoniran Barbosa: é só conferir letras como tiro ao alvaro ou samba do arnesto pra ter uma idéia.

    Dando uma olhada na obra de Bananère, dá pra fazer uma relação interessante; será que Bananère poderia ser considerado o precursor da linguagem "fOfUcHeIxX-eMo", falada massivamente pela criançada nos orcutes da vida? segue um exemplo, pra você tirar suas dúvidas...

    http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=7128154

    minha conclusão: pelo menos Bananère tinha senso de humor e sabia o que estava fazendo...

    sobre pecados e pecadores

  • sexta-feira, 2 de março de 2007
  • Wash.
  • outro dia vi a propaganda na televisão daquela peça com a Fernanda Torres, A Casa dos Budas Ditosos, e fiquei curioso. não, ESTOU curioso: será que é tão bom quanto o livro? quer dizer, o livro de João Ubaldo Ribeiro não é exatamente uma bíblia do sexo, um guia a ser seguido a risca, mas é muito muito bom mesmo, se tratando principalmente do desenvolvimento e da condução narrativa das estórias. enfim, será que a Fernada Torres dá conta mesmo do recado? é muita coisa pra um monólogo, ela deve fazer um belo dum resumão... mas eu gostaria de conferir ( se alguém aí já viu, me conta como é?)

    aliás nunca li mais nenhum livro dessa série, gostaria de encontrar mais alguns dos sete pecados capitais; é que esse da luxúria do Ubaldo Ribeiro ficou maravilhoso, acho q foi por isso que os outros acabaram meio apagados, mas quero comprovar. esse lance dos pecados capitais é sempre um tema abrangente, apesar de achar o São Tomás de Aquino um idiota manipulador, ele acertou no tema. mas é só interessante, nada pra se levar a o pé-da-letra.

    vale a pena citar também a idéia dos sete pecados capitais passados pra tela do cinema na versão do David Fincher, conhecido simplesmente como SE7EN. eu acho genial. só ficou batido porque veio junto uma enxurrada de cópias B comerciais horríveis, e acabou fudendo o original. mas apaga todas essas bostas da cabeça e fica só o SE7EN do Fincher, ele é original de verdade e genial. destaque pro Kevin Spacey que faz maravilhosamente o sr. John Doe.

    aproveitando o ensejo dos pecados capitais, botei na minha pasta do eSnips uma mixtape (sic) de sete artistas dando sua visão musical pra cada um dos condenamentos cristãos. essa mixtape era um dos projetos que eu tinha pra botar em cassete junto com meu extinto zine; tô aproveitando pra botar ela no ar agora. eu diria que a maioria deles não são exatamente "positivos"... mas o que importa? ficou assim:

    Powered by eSnips.com


    você pode ouvir e baixar essa mixtape inteira no meu eSnips, vai lá no RadioWashDotCoffee

    PS: procurei saber sobre as sete virtudes capitais também, mas nem vale a pena discernir sobre elas: os PECADOS são infinitamente mais interessantes do que as virtudes...

    sobre "recorta e cola"

  • quinta-feira, 1 de março de 2007
  • Wash.
  • eu já tive um fanzine, sabe. era bem genérico, falava sobre tudo um pouco. uma vez ou outra algum amigo ajudava com um poema, com uma ilustração... até uma imagem legal recortada de uma revista contribuia. era bem legal produzir fanzines no começo dos anos 90, na era pré-internet; o lance tinha a peculiaridade de ser bem punk, com recortes, muito durex e cola Pritt de bastão... maquina datilográfica! garotos novos nem sabem direito o que é uma maquina datilográfica, oras! fico impressionado como tanta coisa mudou no prazo de 10 ou 15 anos! esse é outro assunto que dá pra discertar um dia todo... mas enfim: o fanzine.

    em 91 eu fazia parte de um coletivo anarquista paulista. nessa época quase todos do grupo produziam fanzines, mas os temas não variavam muito: era na sua maioria sobre vegetarianismo, planos de ação anarquistas e bandas crust/punk/grind. além da infinidade de fanzines que eu recebia por via de um meio de comunicação não muito usado hoje em dia chamado correio (de novo sobre as modernidades do mundo globalizado; creio que em poucos anos a comunicação via correio vai ser tão arcaica quanto o telégrafo de código Morse...) dentre os quais poucos também variavam seus temas fora desse padrão. realmente não vou citar nenhum porque eram milhares chatos e alguns poucos bons. atualmente o fanzine continua vivo na forma digital - e cá entre nós atinge a meta de divulgação com muito mais facilidade! um fanzine pode virar a bola da vez em questão de dias por uma noticia de primeira mão, um video inteligente ou até - me perdoem o pejorativismo - ou até por alguma biscate famosa trepando em alguma praia pública. basicamente é muito fácil fazer um zine hoje; o próprio blog pode servir como zine, por exemplo!

    mas legal mesmo era produzir no bom e velho método artesanal: vc dobra 4 folhas sulfite A4 no meio, rouba imagens de outras revistas e usa em juxtaposição, datilografa as notícias que pega de revistas gringas e outros zines,cola bordas com o bastão e pronto! é só xerocar e distribuir. o meu era de graça - não ia cobrar por aquilo, lógico. fiz 4 numeros e desisti. me perdeu um pouco a graça e o tempo encurtou, mas ainda guardo os originais.

    o meu quinto exemplar já ia começar a ficar com uma certa sofisticação: a primeira página seria impressa à cores e junto ao zine viria um cassete mixtape com uma seleção das coisas que eu estava mais ouvindo na época. o caso é que ia ficar muito caro pra eu bancar isso tudo do bolso e teria que cobrar, o que já saia da minha proposta original. como aqueles esquemas de dvds em banca de jornal: não cobram nada pelo dvd, mas a revista que vêm junto - de 4 páginas - custa $19,90...! no final fiz 10 cassetes apenas, distribui para os amigos e desisti do projeto. isso por exemplo é um luxo que eu poderia me dar hoje, já que um cd-r custa 90 centavos. mas os espaços de locação da internet estão aí pra facilitar esse trabalho mais ainda: aloco os sons no site e vc lê minha resenha e baixa as musicas, olha só que prático! lembro quando minha avó me falava que no tempo dela era tudo mais difícil, que tinha que ler na luz da lamparina. agora eu sou minha avó.

    sobre a insignificância

  • terça-feira, 27 de fevereiro de 2007
  • Wash.
  • eu já vi a Torre Eiffel num dia ensolarado. já vi a neve caindo grossa, cobrindo uma praia inteira no Mar do Japão. já vi O Grito, de Edvard Munch, antes dele ser roubado e encontrado de novo 2 anos depois. vi (no sentido de presenciar) um terremoto que balançou todas as prateleiras de um supermercado. também vi um tufão quase arrancar o telhado de onde eu então morava. já vi 4 oceanos. já vi um dia de Rio 40 (e dois) graus, uma semana de Éden no Rio Grande do Norte, meses de outono europeu, anos de estações definidas asiáticas, centenas de dias da garôa paulistana. eu já vi um homem morrer. eu já vi o estrago que faz uma panela de pressão explodindo. eu já formulei o nascimento de um sonho e o vi se esfacelando - mas não acabar a esperança. já li vários livros, assisti centenas de filmes e ouvi milhares de músicas. já tive um amigo iraniano. já vi uma catedral vienense de 900 anos que sobreviveu a duas guerras mundiais - e me senti um cisco, um nada, ao lado dela.


    aí você pode dizer "e daí?? tem gente que já viu o Himalaia, já viu os restos do Titanic no fundo do mar, já viu um furacão classe 5, já viu os dentes de um tubarão a 2 metros de si..." sim claro!, mas também tem gente que não viu nada. o conjunto dos fatos relacionados numa vida raramente é tão importante para ter um reconhecimento mundial, a não ser pra si próprio, se é que me entendem.


    de repente eu fale detalhadamente sobre cada um desses assuntos, mas de repente eles realmente só importam pra mim mesmo. de repente a gente se levanta uma manhã e sente assim, como uma curta existência humana ao lado de uma catedral milenar ou de um baobá de 500 anos, e se vê na situação de provar pra si mesmo que já fez, viu, falou, ouviu e aprendeu algo de útil na vida. de repente eu tenho 30 e poucos anos e acho que já vi muita coisa na vida, mas sei que muitas pessoas já viram muito mais que eu, e ainda tenho muita coisa pra fazer, ver, falar, ouvir e aprender.

    o importante é registrar tudo e guardar pra sí próprio, praqueles dias que você levanta da cama sem propósito na vida. soa meio auto-ajuda, mas é verdade; a natureza deu aos humanos a dura missão de tentar contornar a insignificância das suas vidas nesse planeta. nunca estamos satisfeitos.

    Escritor Medíocre - Um Novo Começo

  • segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007
  • Wash.
  • Lá vou eu de novo, com essa estória de blog. eu não me canso de saber o quanto sou obtuso com essas coisas de frequência num objetivo; às vezes me canso e apago tudo, pronto, acabou. Mas depois de um tempo tô eu lá, de novo, batendo na mesma tecla. Meu caro amigo Daniel Dolly me influenciou na repetição do erro desta vez, então vai ser mais fácil quando eu desistir e colocar a culpa nele, hehehe!!...

    Buena, pretendo que isso não aconteça, já que esse blog irá me servir como trainée das minhas futuras "pretenções" profissionais (aff, nem tenho vergonha de ser tão pretencioso...). E não tenho mesmo: acho que dou pra isso (sem desvios de palavra por favor...) e se eu ME levar a sério dessa vez, quem sabe, QUEM SABE, isso aqui não resulte numa boa experiência. Não que eu seja pretencioso ao ponto de achar que todo mundo vai adorar as coisas que escrevo - sou pretencioso mas sou previsivo sabe... Mas se eu me achar satisfatório, se eu me achar interessante depois de uma segunda ou terceira lida, pra mim já é suficiente.

    Mas de qualquer forma espero que você, que ocasionalmente ler esse blog, também ache interessante. Opiniões sempre serão bem-vindas, por favor.