da série "bandas que não merecem o esquecimento": Drive Like Jehu

  • terça-feira, 14 de julho de 2009
  • Wash.

  • às vezes me empolgo um pouco com certa banda quando começo a ouvi-la constantemente. com o Drive Like Jehu é um pouco diferente: eu me empolgo SEMPRE que eu volto à ouvi-los. deixo-os um tempo de lado, mas depois, quando coloco pra ouvir de novo, eu penso "mas que carajo de banda genial essa: entra banda e sai banda do meu ouvido e o Drive Like Jehu continua me surpreendendo toda vez que boto seus discos nos meus headphones..."

    a genialidade dessa banda foi, como sua efêmera duração, curta e grossa. e infelizmente foi pouco compreendida por publico e crítica. digamos que referência - isso pode parecer cretino, mas é verdade - tem um papel fundamental no sucesso de uma banda: sem entender as tendências pra onde o som moderno discorre, sem essa referência, a midia especializada fica perdida. a identidade de uma boa banda pode ser, dessa forma, mastigada e descartada. destruida. todos eles, sim, compreendiam que os Jehu eram geniais, visionários, a frente de seu tempo, mas por falta de referência maior classificavam seu som como um dos pontos de partida do chamado emocore. Drive Like Jehu não é emo: fato. e tenho quase certeza que foi isso que afastou o publico que buscava o emocore e que afungentou o publico sem maiores pretensões a não ser a busca por novas sonoridades. isso destruiu a credibilidade sonora da banda. resumindo sem ser especifico: em dados momentos soavam como uma banda desert tipo Kyuss ou Fu Manchu, com uma veia punk na praia Greg Ginn / Die Kreuzen, e com resquícios de grunge a lá Tad / Green River. ok, hoje em dia eu consigo definir isso. mas e quando eles começaram a tocar, no começo dos anos 90, quem se arriscaria a lançar esses palpites??...

    o que seria o som do Drive Like Jehu então? analises, vamos lá. 1- construções enormes e disconexas, mudanças bruscas de andamento, dissonância constante usando as pontes do braço e da entrada das cordas da guitarra, como em O' Pencil Sharp, Good Luck in Jail, Luau. 2- os vocais estranhos de Rick Froberg, finos, anasalados, que variavam horas em berros ensurdecedores, hora melodias muito bem encaixadas (talvez as partes que levam as pessoas a relacionar DLJ com emo...), hora uma voz de chicano mole e preguiçosa, muito particular dele, que denuncia sua presença em qualquer outra banda que cante. às vezes usava essas três modalidades em uma só musica, como em If it Kills You, Hand Over Fist, ou na genial, clássica, obra-prima Do You Compute. 3- tempos muito quebrados, confusos, uma lógica que parecia só deles; esse último detalhe nos leva a crer e os aproxima muito mais de um outro termo criado dentro do som moderno: o math rock. as linhas de guitarra e baixo são muito marcantes, mas obviamente quem guia toda a construção fica a crédito da bateria de Mark Trombino. isso é bem claro em musicas como Turn it Off, e confirmado como embrião do math rock a introdução de New Math (que por curiosa coincidência tem uma certa semelhança com New Noise do Refused...), onde guitarra e baixo param justamente em pontos não especificados na construção, a não ser pela vontade própria da bateria; não existe lógica nesse tempo reproduzido, apesar de ser uma sequencia básica de 3 acordes sabbathianos. conclusão: adiantados, foram incompreendidos.

    as guitarras de John Reis, aka Speedo, sempre merecem destaque. esse é outro que nem precisa abrir a boca pra se notar sua presença numa banda: os timbres da guitarra e acordes são muito caracteristicos seus. a fórmula desconstrutiva de seus arranjos se prolongou por um tempo pelo caminho do Rocket From The Crypt, que posteriormente foi ficando mais cru e urgente, mas ainda assim de timbres reconheciveis. aliás RFTC, banda que, pelo sucesso alcançado, foi a provável causa do fim do Drive Like Jehu. em outro caso qualquer eu diria que foi um tremendo desperdicio de potencial; mas do RFTC simplesmente não dá pra dizer isso, como eu anteriormente já demonstrei, mea culpa, aqui nesse blog.

    presente: a curtíssima e influente discografia do Drive Like Jehu, que inclui 2 discos:


    (drive like jehu)

    (yank crime)

    ah, sim, detalhe para o pitoresco nome da banda. ri muito quando soube o porquê desse nome estranho, DRIVE LIKE JEHU: meu amigo Pedro Carvalho havia me comentado algo sobre esse cara bíblico e doido varrido que tinha esse nome; fucei bem fuçadinho e vi que era mais ou menos isso mesmo: Jehu era um general que virou rei de Israel lá por 800 a.C., que dirigia violentamente sua carruagem feito louco pelas ruas. drive like jehu. dirigindo como um doido: nome genial, não podia ser melhor. descobri que referências de estórias bíblicas bizarras e escrotas sempre saem coisas boas. as músicas dos Pixies, Violent Femmes e Bad Brains que o digam.

    ***

    e atenção para a noticia extraordinária que recebi de última hora!!: o astro do pop Michael Jackson morreu, faleceu, foi dessa pra melhor... o quê?... heim?... já fazem umas 2 semanas?? sério?... nossa. que coisa.

    sobre a obrigatoriedade de um manual para uso correto do cérebro.

  • segunda-feira, 6 de julho de 2009
  • Wash.


  • as letras estão muito pequenas e tá com o modo "bad english" ligado, né. ok, eu traduzo, porque merece ser lido:


    eu não poderia trazer uma criança a um mundo que não tem mais Michael Jackson?

    "meu marido e eu estamos tentando engravidar há 2 anos e finalmente conseguimos desde semana passada. mas agora eu tenho me sentido tão triste sobre a perda de michael jackson que tenho até pensado que não posso trazer uma criança a esse mundo. meu marido diz que me entende e me apoia mas eu não creio que ele me compreenda inteiramente. eu quero abortar. quero abortar agora mesmo porque michael jackson morreu. devo contar ao meu marido sobre isso? eu não quero parecer louca. ele me apoiará?"


    sei lá, viu. às vezes, quando vejo coisas assim, tenho certeza que a humanidade não tem salvação. e com certeza merece tudo de mal que lhe acontecer. acho coerente que a mulher tenha opção sob seu corpo. acho coerente o sexo (seguro) por diversão. e até certo ponto acho coerente que se coloque crianças no mundo - desde que se tenha certeza que você não causará um (grande) estrago na vida dela e ela não interfira negativamente na vida de outras pessoas, o que reduz as opções em pelo menos 90%... mas enfim, sinceramente, uma pessoa descerebrada que diz coisas como essa não merecia viver em convivência com a sociedade, muito menos com os animais. isso é demonstração de desvio social tão grave quanto o de um esquartejador compulsivo. e de modo algum, uma pessoa assim merecia - e nem deveria - se reproduzir. o seu deus é injusto, reconheça!

    ahhh, se houvessem métodos cirurgicos de aborto cerebral... hmm, peraí: lobotomia ainda é usada?...

    sobre fazer algo útil.

  • quinta-feira, 2 de julho de 2009
  • Wash.
  • vou transformar isso aqui em algo de utilidade pública, ao menos uma vez na vida né:

    as duas sobrinhas de uma grande amiga minha foram diagnosticadas com uma doença rara chamada Niemann-Pick C. é uma doença genética-hereditária de disfunção nucleo-celular e degenerativa de orgãos vitais como fígado, baço e cerebral, o que consequentemente afeta gravemente a coordenação motora e o condicionamento fisico do paciente. a dificuldade da sua detecção prematura é um dos piores fatores para as familias e até para a comunidade médica: ela se manifesta na infância até os 15 anos e seus sintomas se confundem muito a outras doenças mais comuns como - e tão graves quanto - alzheimer e parkinson, além do que até o momento não existe uma cura específica, existe só um tratamento de reversão e amenizador da doença, com medicamentos mais usados em outras doenças. esses medicamentos, por lidarem com função celular e ainda estarem em fase de testes, são muito caros - uma caixa chega a custar em torno de 15 a 20 mil reais. a Secretária da Saúde tem projetos de distibuição desses medicamentos importados e caros assim, gratuitamente, para as familias das pessoas diagnosticadas; mas a burocracia em torno da importação e prestação de contas a União dificultam e atrasam os processos por meses e meses, fazendo com que o processo de reversão da doença piore nos pacientes. conheça detalhes da doença, como e de forma ela se manifesta, e como são os processos para adquirir os medicamentos nessa pagina construida pelos familiares dos enfermos:

    se você que acompanha as inutilidades que eu escrevo aqui e me acha um cara legal, leve em conta que eu raramente escrevo assuntos sérios aqui e tenta dar uma força da forma que puder: se você é advogado, juiz ou médico, ou tem algum amigo ou parente que seja, e estiver afim de dar uma força, entre em contato com os familiares pelo endereço nesse blog ae. com certeza qualquer ajuda será bem vinda e eternamente grata, ok people??

    domo arigatôu gozaimashitá.