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sobre insetos asquerosos

  • terça-feira, 13 de janeiro de 2009
  • Wash.
  • sempre achei irracional esse medo que as pessoas sentem de insetos ou pequenos animais rastejantes. uma besteira, um mísero insetinho quinhentas vezes menor que você: basta uma boa chinelada, a pressão do pé, e pronto. o bichinho vira merda.

    pensava assim, até o dia que abri a porta da minha casa e ele estava lá, estático, com aquelas antenas angustiantes balançando pra mim, ao lado do interruptor da entrada. entrei em choque. não sabia se tirava a mão do interruptor, se batia rapido não-sei-com-quê em cima dele, se saia correndo. só conseguia olhar apavorado, um arrepio ruim no corpo. ela me perguntou "que foi?" e eu continuava na mesma posição em forma de aroeira, mudo, irredutível. "caramba, que foi?? entra em casa, poh!" e eu não conseguia. apontei com um movimento repetitivo do queixo e só então ela viu o monstro pendurado na parede. "putz! aquele bicho..." e com naturalidade ela tirou um sapato e bateu na parede com rapidez, contando com o vacilo do bicho que provavelmente teria vazado muito mais rapido se tivesse notado a pancada derradeira. levantou o sapato e o bichinho jaz, só uma melequinha tinha sobrado grudada na parede. graças a qualquer maldito deus, estava morto. e eu branco feito paina, feito merda de crocodilo albino: havia descoberto o que era a verdadeira e inconsciente fobia de um inseto infinitamente menor que eu.

    uns nove ou dez meses antes disso eu ouvira falar pela primeira vez na vida sobre esse maldito inseto. era conhecido popularmente no Japão como Geji-Geji, ou simplesmente lacraia japonesa; o noticiario japonês falava sobre uma dona de casa que recolhia um lençol no varal e súbito sentiu uma picada no antebraço e um pequeno inseto correndo incrivelmente rapido pelo lençol seco. a picada foi doendo, doendo, o local ferroado foi inchando. em 24 horas a dor era insuportável; doía como uma picada de escorpião, e uma imensa mancha preta cobria o local ferroado com uma pequena formação de necrose no epicentro. agora imagine aí na sua cabeça, faça uma visão mental da seguinte figura: uma lacraia, com uns oito centimetros de comprimento. no lugar das pernas curtas de lacraia normal, de um centípede comum, pernas enormes de aranha. antenas asquerosas de barata se movimentando o tempo todo. um belo par de truqueses venenosos na cabeça. e um andar atribulado e velocissimo, mais rapido que qualquer inseto rastejante que eu já tinha visto. é um inseto do mato, mas no inverno ele hiberna debaixo dos tatames confortavelmente aquecidos, longe do frio severo e da neve densa do inverno japonês, e é aí que acontece o contato entre os homens. era com isso que me deparei naquela porra. posteriormente, fuçando na internet, descobri que essa lacraia nem era tão venenosa quanto à lacraia gigante, a Mukadê. mas no noticiário era da Geji-Geji que falavam, portanto nem quero saber quão venenosa é essa Mukadê.

    essa era a segunda vez que eu via um desses na minha casa. a primeira vez foi absurda, mas não aterradora pra mim. mal sabia o perigo que aquilo representava! estavamos deitados num futon no chão assistindo a terebi e eu, recostado na parede comendo alguma porcaria, vi debaixo da mesinha da tv o par de antenas rebuliçantes. "que diabo é isso aí?" murmurei pra mim mesmo, e mostrei pra ela com o dedo. o bicho, do nada, saiu correndo em nossa direção, procurando a segurança debaixo do futon. senti os cabelos na nuca eriçarem. dum pulo incrivelmente agil pra mim, levantei puxando a ponta do troço pra trás e tacando o que visse na minha frente pra esmagar o infeliz. olhei pra trás depois do desespero e vi o quarto revirado de ponta-cabeça, salgadinho e cerveja até no teto, e ela caida de costas no chão. "voce tá doido, é??".... eu só procurava o desgraçado: "voce viu ele vindo pra cima da gente??? cade ele? cade ele??". não achei mais. revirei o quarto e não achei o bicho. nem preciso dizer que não dormi aquele dia, só pensando "mas que merda de inseto era aquilo?". no dia seguinte perguntei pra um japa o que era e ele me explicou mais ou menos, dizia que era "abunai" (perigoso). dalí a dois ou tres dias depois vi a reportagem na tv e foi o que me bastou pra passar a abominar aquele inseto com todas as minhas forças - ou fraquezas.

    no proximo inverno que viria eu teria pesadelos frequentes com o bicho. sonhava que eu entrava no quarto e o chão forrado de gejis como se fosse formigueiro mexido com uma varinha, na parede, no teto. era horrivel, acordava apavorado me batendo todo, que nem doido. no dia que fui embora do Japão, dentre todas as coisas que iria sentir falta, tive aquela impressão que a grande compensação disso é que nunca mais iria ver outro daqueles bichinhos asquerosos. "graças a deus que aqui não existe nenhum desses", eu me aliviava. "...mas e se um desses entraram na minha mala, no derradeiro momento lá na casa?... e se no Brasil ele vazar prum mato qualquer e o calor for propicio pra se reproduzir com uma especie local??... e se não houver um predador natural pra essa merda???..."

    por fim nunca vi um desses rastejando por aqui na terrinha, thanks Jah Almighty... e se alguém trouxe essa praga pra cá, queime no inferno. tenha certeza que eu não fui.

    6 coffee junkies:

    1. Lyla Lopes disse...
    2. Pow..me matei de dar risada.
      Só vc mesmo.;
      bjos

      14 de janeiro de 2009 às 16:39
    3. Nessa disse...
    4. Ah, meu... que nojinho. Bem hoje que eu já passei um dia de mérde por conta do calor, com a pressão lá no calcanhar (coisa de velha, tá bom, mas não vale tirar sarro!), parei aqui crente que fosse ler algo doce ou inspirador e me deparo com essa nojeira. Sacanagi!! =/
      Eu tenho fobia de lagartixa, essa coisa que algumas pessoas acham um bicho até simpático. Quando tô só pensando no serzinho vejo que é ridículo ter medo duma coisa tão pequena, mas aí aparece uma na minha frente e eu começo a suar frio, gaguejar, as pernas começam a tremer e eu fico mais branca e sem ação; vai entender!
      Mas ô bichinho asqueroso esse seu colega aí, hein? Sai, exu! Não quero nem chegar perto de um desses, acho que eu enfarto! =P

      Ah, se eu estiver escrevendo tudo errado me dá um desconto. Tô presa à velha ortografia, nunca mais vou saber escrever certo nessa vida. Acho até que vou apelar pro miguxês. Socorro!

      17 de janeiro de 2009 às 22:34
    5. Unknown disse...
    6. Querido amigo, não fique tão seguro qto a distancia que te separa desse bicho!!!! Me deparei com um igualzinho logo ali a 40 km de Fortaleza, fiquei aterrorizada, mesmo sem saber que esse era o primo japones da lacraia que eu conhecia, mas pode ficar sossegado pois verifiquei varias vezes minhas mala, para não correr o risco de "importa-la" aqui pra São Paulo.
      Mas fica a dúvida no ar, se tinha lá será que não tem aqui????????

      29 de janeiro de 2009 às 00:55
    7. Unknown disse...
    8. kk' ilario, eu buskei agorah pq eu abei d encontrar uma lacrai enorrmeee na meu quarto, p pior é qu a coisa é grande pra cassete, do tamanha de uma ratazana, estavamos vendo filme (eu minha irma e minha mae) ai ela deu um pulo e gritou minha irmã tmb viu mas eu nao

      20 de dezembro de 2011 às 20:25
    9. Fran Kelly Cavalcante disse...
    10. Meu amigo realmente é pra se apavorar quando der de cara com um bicho desse.Eu ja encontrei com um deste mais de duas vezes e sempre ficava apavorada com o que via, e sempre me perguntava.."que mulestia ééé issooo??"" Ficava arrepiada quando via e eu peço a Deus para não encontra outro desse por ter uma criança em casa... Deus me livre...

      23 de julho de 2013 às 14:56
    11. Fran Kelly Cavalcante disse...
    12. Ah, sou de Maceió-AL... Beeeemm mais perto de São Paulo que o Japão kkkkkk

      23 de julho de 2013 às 14:57