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sobre "recorta e cola"

  • quinta-feira, 1 de março de 2007
  • Wash.
  • eu já tive um fanzine, sabe. era bem genérico, falava sobre tudo um pouco. uma vez ou outra algum amigo ajudava com um poema, com uma ilustração... até uma imagem legal recortada de uma revista contribuia. era bem legal produzir fanzines no começo dos anos 90, na era pré-internet; o lance tinha a peculiaridade de ser bem punk, com recortes, muito durex e cola Pritt de bastão... maquina datilográfica! garotos novos nem sabem direito o que é uma maquina datilográfica, oras! fico impressionado como tanta coisa mudou no prazo de 10 ou 15 anos! esse é outro assunto que dá pra discertar um dia todo... mas enfim: o fanzine.

    em 91 eu fazia parte de um coletivo anarquista paulista. nessa época quase todos do grupo produziam fanzines, mas os temas não variavam muito: era na sua maioria sobre vegetarianismo, planos de ação anarquistas e bandas crust/punk/grind. além da infinidade de fanzines que eu recebia por via de um meio de comunicação não muito usado hoje em dia chamado correio (de novo sobre as modernidades do mundo globalizado; creio que em poucos anos a comunicação via correio vai ser tão arcaica quanto o telégrafo de código Morse...) dentre os quais poucos também variavam seus temas fora desse padrão. realmente não vou citar nenhum porque eram milhares chatos e alguns poucos bons. atualmente o fanzine continua vivo na forma digital - e cá entre nós atinge a meta de divulgação com muito mais facilidade! um fanzine pode virar a bola da vez em questão de dias por uma noticia de primeira mão, um video inteligente ou até - me perdoem o pejorativismo - ou até por alguma biscate famosa trepando em alguma praia pública. basicamente é muito fácil fazer um zine hoje; o próprio blog pode servir como zine, por exemplo!

    mas legal mesmo era produzir no bom e velho método artesanal: vc dobra 4 folhas sulfite A4 no meio, rouba imagens de outras revistas e usa em juxtaposição, datilografa as notícias que pega de revistas gringas e outros zines,cola bordas com o bastão e pronto! é só xerocar e distribuir. o meu era de graça - não ia cobrar por aquilo, lógico. fiz 4 numeros e desisti. me perdeu um pouco a graça e o tempo encurtou, mas ainda guardo os originais.

    o meu quinto exemplar já ia começar a ficar com uma certa sofisticação: a primeira página seria impressa à cores e junto ao zine viria um cassete mixtape com uma seleção das coisas que eu estava mais ouvindo na época. o caso é que ia ficar muito caro pra eu bancar isso tudo do bolso e teria que cobrar, o que já saia da minha proposta original. como aqueles esquemas de dvds em banca de jornal: não cobram nada pelo dvd, mas a revista que vêm junto - de 4 páginas - custa $19,90...! no final fiz 10 cassetes apenas, distribui para os amigos e desisti do projeto. isso por exemplo é um luxo que eu poderia me dar hoje, já que um cd-r custa 90 centavos. mas os espaços de locação da internet estão aí pra facilitar esse trabalho mais ainda: aloco os sons no site e vc lê minha resenha e baixa as musicas, olha só que prático! lembro quando minha avó me falava que no tempo dela era tudo mais difícil, que tinha que ler na luz da lamparina. agora eu sou minha avó.

    1 coffee junkies:

    1. Bacamartes disse...
    2. você tá parecendo sua vó bebassa

      1 de março de 2007 às 09:59