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sobre quizes do Facebook (ou Thomas Pynchon) (ou Tristan Reveur)

  • quinta-feira, 13 de agosto de 2009
  • Wash.
  • óbviamente você já deve ter feito um desses "quiz" do Facebook. pois bem, minha singela opinião, se é que ela vale de algo (e nesse momento vale!) : a maioria são imbecis, são uma grandississima perca de tempo, alguns são bem barangos mesmo... mas a merda é VICIANTE!!! alguns pouco são geniais, principalmente pra gente aficcionada em Top Lists, como eu sempre fui, desde pequeno. assim que aprendi a escrever, uma das primeiras coisas que fiz foi começar a relacionar todos os Top Lists que eu tinha em mente, uma coisa assim bem de "criança com TOC", coisas inúteis como as maravilhas da antiguidade, tudores da Inglaterra, programas de tv, musicas de rádio, comediantes, atores, músicos, bebidas, mesinhas de ferro de buteco... qualquer merda. mas enfim, voltando ao Facebook, eu acabei que preenchi, entre outros quizes, um que dizia "Qual Escritor Maluco Você É?"; o resultado foi Thomas Pynchon. curioso ter dado esse resultado porque uns dias antes eu estava fuçando informações justamente sobre esse cara: um pirado recluso, desde 1950 ninguém sabe exatamente como é sua cara, a não ser seu editor. odeia repórteres, entrevistas... qualquer coisa que coloque um dedinho em sua privacidade (no pum intended) o cara surta e desaparece! da mesma laia de gente como JD Sallinger ou o nosso "vampiro de curitiba" Dalton Trevisan. mais um detalhe pra adicionar a personalidade perturbada do fita: só escreve sobre conspirações e relações auspiciosas sem um fio aparente que as ligue. contracultura, pop art, drogas e rock'n roll também fazem parte do cardápio do sr. Pynchon "freak blood sucker" ou o que quer que ele seja. isso tudo foi motivo de sobra pra que eu procurasse com afinco um livro dele. minha intensão era encontrar "O Arco Iris da Gravidade", mas "V" foi o que eu encontrei primeiro. comprei, comecei a ler. até o exato momento não tô entendendo PORRA NINHUMA... mas vamos esperar até o final e eu falo o que acontece. (se eu entender, claro).

    Nesses mesmos dias de paralelos coincidentes (tem a ver, pode crer!) aconteceu-me de rever um filme que há uns meses atrás me passou completamente desapercebido, simplesmente não me chamou a atenção, sei lá porque. o filme era "Stay", que pra variar recebeu o nome suecado de "A Passagem". nem comento. enfim, tem no cast Ryan Gossling, Ewan McGregor e aquela loirinha, err... Naomi Campbell, essa ae!

    vá lá, dessa vez eu tava mais relax e dei mais atenção pra trama. de primeira mão, parece só mais um draminha bobo: um psicólogo tentando ajudar seu paciente, um candidato à suicida que tem até data marcada para o evento, e blablabla e coisa e tal, e vai o doutor tentar convencê-lo à não levar a promessa à cabo, e blablabla e coisa e tal. mas com devida atenção, a estória se revela muito mais que isso. revela um garoto reservado, intrigante e auto-destrutivo, que consegue manipular dèja-vus!! (sei lá como ele faz isso). o desenvolvimento disso meio que transforma a realidade do psicólogo num vai-e-vêm de dèja-vus, num misto de confusão de identidade e sonho de noite mal-dormida. se falar mais, estraga.

    a parte que me interessa segue meio por fora disso; em certa parte do filme, o psicólogo descobre que o garoto frequenta uma livraria onde, de acordo com o livreiro, ele teria trocado algumas pinturas de sua autoria por um punhado de livros, todos do mesmo autor: Tristan Reveur. Você já ouviu falar em Tristan Reveur? então. no decorrer do filme não se toca muito mais no nome desse cara, daí eu fiquei em casa pensando "tristan reveur, tristan reveur... quem foi esse cara que eu nunca ouvi falar, diabos??"

    internet serve pra essas coisas de curiosos-nerds-atormentados que não se seguram à uma nova informação, têm que saber, PRECISA saber do que se trata. é uma compulsão, eu concordo, mas isso já livrou minha cara em provas sobre assuntos da atualidade e desenvolvimento de conversas de mesa de bar com gente que eu acabara de conhecer, entende?... no fim, tem a sua utilidade. então era um fato novo que eu não sabia nada sobre o cara. corre pra internet e já bota lá no campo de busca do Google, Tristan Reveur.

    eis que pra minha surpresa, as informações que se tem sobre esse cara... não existem! tristan reveur foi um escritor influente e famosíssimo... inventado pro filme. e eu adoro essas coisas! é legal ser categóricamente enganado! no bom sentido, é claro. sim, existe um bom sentido em ser enganado: ser passado de trouxa, corneado, roubado, isso não é legal. mas algo que, de certa forma, te faz acreditar numa coisa que não existe? isso é fato de ser aplaudido de pé, eu penso. o lance da Bruxa de Blair, poxa, eu sei que aquilo é malhado, ficou demodé... mas quando o filme saiu, botaram maior pilha de que os acontecimentos realmente haviam acontecido, inclusive firmando credibilidade com o fato dos atores do filme simplesmente SUMIREM dos avant-premiéres e entrevistas de lançamento. na época eu achei genial; técnica de marketing inovadora. agora eu acho interessante.

    hmm, é isso. Thomas Pynchon pra Stay pra Tristan Reveur pra Bruxa de Blair pra nada mais. se isso fosse um exercício de aula de redação, o tema seria: "transite de um tema para outro de forma desordenada, afm de deixar o leitor sem entender o que vc quer dizer..."

    3 coffee junkies:

    1. Fabiano Ramos Torres disse...
    2. Com certeza bebaça ( de café ) rs, você e suas list! Lembro de uma gigante que você fez na prancheta de desenho...Que legal que tenha gostado dos contos...rs o "doce" se chama Gilles Deleuze e está super na moda! rs
      Cara e vc o que fez com sua voz! rsrs
      tá com voz de homem porra! rsrs
      Então, marcamos um café qualquer dia na Starbuck...
      abs!

      14 de agosto de 2009 às 22:46
    3. Canto da Boca disse...
    4. Eu até gostaria de comentar algo, mas confesso que meu cérebro está esgotado, fiquei só na leitura e no riso imbecilizado que cobre-me a boca, diante dos seus escritos, ora concordando, ora disconcordando, mas sem energia nenhuma para tergiversar, e beberico meu vinho do Porto, aqui no Porto, enquanto as gaivotas incansáveis, gritam estridentes nessa madrugada quente e não me deixam dormir...

      21 de agosto de 2009 às 23:54
    5. Thaty disse...
    6. Eu vi o filme e fiquei obcecada com esse cara, até porque achei uma das frases dele bem genial.
      Fui procurar a respeito... nada.

      Fiquei triste em saber que ele nunca tenha existido...

      9 de julho de 2010 às 20:09