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freestyle #2

  • sexta-feira, 27 de março de 2009
  • Wash.
  • é na quaresma que a identidade se revela. o olfato apura, a vista aguça, o ouvir campeia mais longo. as costas arquejam, insinuam as mãos em direção ao solo; se vacilar voce começa a rastejar, a andar de quatro como o seu animal feroz, aquele, guardado num desses armarios-arquivos da sua cabeça. as altas e baixas da maré, dizem que tambem inluencia. força gravitacional da lua, é o que dizem. luminescencia causada pela reflexão espelhada do astro rei, o Amon-Rá, o Surya, o Helium, o Kinich Ahau... e só por essa luminescencia já merece um sacrificio, mesmo que não seja cruel com os outros, mesmo que seja apenas uma penitencia, um auto-flagelo, uma transformação da propria identidade, aquela identidade que voce resguarda pelo dogma de resguardar, pela tradição de não mudar. ou pela simples preguiça de levantar do sofá, já marcado pelos contornos do seu traseiro incapaz.

    enquanto isso as autoridades continuam sua busca burocratica, sentados em seus desks munidos de muito café e broas de milho, ditando o que deve e o que não deve ser feito. cabe a voce obedecer as ordens. ou ignora-las. ou apenas omitir que na verdade voce é o lobo da quaresma que eles tanto procuram. bem, nem tanto: mandam procurar. enfim, não importa como seja o modus operandi, mas eles o querem em mão, sob controle. mal sabem que o tem ao seus lados, trabalhando junto deles, comendo suas broas de milho e bebendo do seu café. basta um explosivo plastico no carro estacionado lá embaixo, proximo ao bureau, e as atenções serão desviadas do foco do lobo, e voce pode continuar por aí, sob a força gravitacional da lua, sob o reflexo do sol, sob a influencia da maresia. e assim, na quaresma, a identidade se revela pra si proprio, apenas.

    0 coffee junkies: