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sobre o sexo

  • terça-feira, 13 de maio de 2008
  • Wash.
  • o sol passado da metade do céu, e eu na frente do computador. não dá pra romantizar isso, eu sei. geralmente é uma cena cretina, eu na frente do computador. pronto: o tempo passa e você não faz nada. pronto. se não ficar ligado, já está na hora de sair pra trabalhar.

    ela deitada na cama. ela sempre acordava tarde; levantava, se olhava no espelho, fumava um cigarro e ocasionalmente comia alguma coisinha. voltava a se deitar na cama, com a preguiça de uma leoa sob o sol incandescente da savana. se esticava toda, de camiseta e calcinha. gemia pra esticar os quartos das coxas e voltava a cochilar. ou só ficava deitada mesmo, olhando ao redor, vendo o tempo passar. o amanhã é só daqui uns meses, uns anos, e é como se hoje ela tivesse esse tempo pra ver o tempo passar. a tranquilidade é uma porra de um dom divino, bote fé...

    me vesti. fui até a cama e anunciei minha saída de novo, disse que me atrasaria pro trabalho se não saisse agora. lhe dei um beijo, suave, doce. ela me devolveu um beijo forte, violador, lascivo, com o braço em torno do meu pescoço forçando pra que eu me abandonasse em direção do colchão. sorrindo eu desenrolei o braço ofídio de volta do meu pescoço, disse mais uma vez que iria me atrasar se não saisse naquele momento. passei pelo banheiro pra um relance no espelho. voltei pelo quarto e fui em direção da porta. ao som da primeira volta da chave ela me chama. "vem aqui pra cama... não vai agora", aquela voz suave e no cio ecoou, correu em ondas pelo quarto e bateu no meu ouvido. mais uma volta da chave e a porta pra rua estaria aberta, mas o som daquela voz e o cheiro do cio no ar seguram minha cabeça, quase com mãos físicas, e forçam-na a virar. o ouvido e o nariz já estavam fisgados, faltavam os olhos.

    ela se retorceu como a leoa, cada parte do corpo em evidência, cada pedaço da pele de veludo já queimava, se contorcia com o tesão que já destruia sua calma. que calma que nada!, só queria saber de exalar aquele perfume de sexo, de se contorcer de calor no colchão, de me atrair do jeito mais isntintivo que fosse necessário. seus joelhos se reviraram pra baixo e as coxas arquejaram. a bunda estampou acima do resto do corpo contorcido, o rosto encostado no colchão e aquela bunda lá no topo. de tanto se retorcer a camiseta regata já não tapava aqueles seios macios de petala de papoula branca; eu já havia provado aqueles seios milhares de vezes, mas era como um doce que a gente nunca acha tão doce assim e sempre volta a se empanturrar. "vem pra cá", ela chamou de novo, e esticando o braço pra trás, puxou um dos lados da calcinha de algodão que moldava seu sexo e mostrou todo aquele tesão flutuando como uma aura. é quase visivel, a aura de tesão em volta. e pronto, prendeu os olhos, os unicos que ainda incoerentemente resistiam. sem emitir nenhum som ela ainda dizia "resista! vamos, resista até onde pode, resista inutilmente..."

    hipnotizado, sem olhar pra fechadura, eu revirei a chave pro lado contrario de volta ao trinco. sabe quando não dá tempo pra pensar e você já está em outro lugar quando pisca os olhos? num estalo e eu já estava com o rosto enterrado no traseiro dela, me esfregando, me fartando com o cheiro do cio, lambuzando toda boca, o nariz, a maçã do rosto, a lingua descontrolada querendo fugir, querendo aproveitar mais que tudo toda aquela seiva, aquela pele, aquela carne... aquela alma que acumulava milhas de impureza.

    me vêm aquele pensamento na cabeça de novo: "é aqui que eu gostaria de morrer. queria ter um ataque do coração agora e cair duro, ah!, isso sim é um belo dum jeito de morrer!". já havia pensado nessa possibilidade em algumas vezes anteriores, e até mesmo quando não estava trepando. na rua, no trabalho. na verdade aquele momento sempre drenava um pouco da minha vida, e de fato a gente acaba gostando daquilo. não de sexo, isso já é óbvio: da vida se esvaindo assim. um tipo de vampirismo, sei lá. você sabe que um pouco da sua vida foi drenada naquele momento, e é fudido de bom. deve ser fudido mesmo morrer desse jeito, deixar o momento drenar toda sua vida de uma vez. conheci um cara que morreu assim, com a cara enfiada no meio das pernas da amante. que morte feliz e completa ele deve ter tido...! isso fez dele um pouco herói pra mim, um cara que merece minha admiração pra sempre.

    num estalo eu volto ao ato. já me vejo soltando o cinto da calça com uma mão. a outra mão ocupada, os dedos explorando aquela buceta que poderia ser um altar pras minhas preces, com genuflexório e tudo que se tem direito num reverenciamento. senti sua lubrificação ficar intensa. ela se retorce mais ainda sob meus dedos, o tesão agora só pode ser controlado de um jeito: com minha calça prendendo meus pés, se equilibrando sobre as ancas dela com o pau enterrado até onde é possivel. "não pense, não caia, só foda". um animal explodindo na cabeça, descontrolado pelo cio da femea, matando toda racionalidade à paulada se for necessário. segura as ancas dela com força, faz ela gritar! faz ela urrar, caralho! faz ela pedir pra se gozar toda!... assim a cabeça ordena e a boca imita.

    o delirio de um ato instintivo assim não pode ser descrito com exatidão racional. é descarga massiva de endorfina no cérebro. é 250 milivolts produzidos pelas paredes vaginais. é nicotina, valium, vicoden, marijuana, ecstasy e alcool tudo de uma vez, e tudo isso não é nada comparado ao gozo pleno. ela grita e se comprime em meu torno, convulsiva me xinga de tudo que é baixo e bom. "se acaba, filhadaputa! se goza toda!" eu grito em seguida, alucinando um turbilhão que sai com o fluido do meu corpo. "agora sua vez, goza muito, caralho! quero ver você derretendo" ela grita pra mim, enquanto meu cerebro é colocado numa maquina de lavar com morfina como alvejante.

    um apagão. um minuto pra recobrar a racionalidade, pra voltar ao mundo que o consome. eu sento na cama e por uns minutos tomo folego pra me vestir. mais uns segundos recobro a memória que agora estou TOTALMENTE ATRASADO pro meu compromisso. dou um beijo nela, que continua deitada e ofegante, mas com a satisfação de um junkie pelo "fix" estampada no rosto. saio pela porta correndo e vejo de raspão, de relance, um último olhar dela que também não tem explicação: só é bonito. só é beleza, mais nada.

    ***
    passo apressado pela rua com um sorriso no rosto, e mesmo todo descabelado noto olhares femininos em minha volta. o cheiro do sexo ainda está em mim, todas elas sabem; só não vêem com os olhos, mas sentem. sabem que tem algo ali que atrai a atenção. um cara ordinário, até feio: o que tem demais nele??...

    pois sigam seus narizes, belas senhoras. seus olhos só as enganam...

    4 coffee junkies:

    1. marilia. disse...
    2. EITA PORRA!

      13 de maio de 2008 às 03:33
    3. risada disse...
    4. hum...
      nunca tinha entrado!
      gostei!
      voltarei!
      hahaha

      abraços!
      risada.

      14 de maio de 2008 às 02:12
    5. Lyla Lopes disse...
    6. Hahha...
      Só vc mesmo...
      Adorei...

      14 de maio de 2008 às 14:16
    7. Unknown disse...
    8. Uau

      25 de maio de 2008 às 18:04