Você está lendo considerações sobre um micro-festival.

considerações sobre um micro-festival.

  • segunda-feira, 9 de novembro de 2009
  • Wash.
  • dia de festival me lembra muito, mas muito mesmo os anos 90: aquelas tardes quentes, sempre quentes, no Pacaembu ou no Palestra Italia, gente pra caramba, alcool pra caramba, curtição pra caramba, e depois sujeira e cansaço o suficiente pra compensar tudo isso de antes. mas sempre valia a pena. daí aparece oportunidade de fazer tudo de novo e eu ainda acho que pode valer a pena de novo; se bem que não tem tanto alcool e sujeira como antes eu nem me importava, e volto pra casa antes do final do show porque já tou de saco cheio de barulho, com fome, sede... ok, não é a mesma coisa! mas vale a pena, de alguma forma. o som ainda é real.

    cheguei atrasado, sem me importar muito em perder o Deftones. tem músicas como Feiticeira e Passenger que me fazem o gosto... mas não. deixa pra uma outra vez. meu irmão que ficou frustrado com o atraso, ele queria muito ver a trupe chicana do Chino Moreno. fica pra próxima, Uai. mas enfim, chegando na Chacara do Jóquei - visitada 6 meses antes em decorrencia do Radiohead / Kraftwerk / Los Hermanos - ainda com um fio de claridade do sol, encontrando pessoas e amigos, dando risadas e esperando pelo inicio da primeira atração por mim aguardada: Jane´s Addiction.



    JANE'S ADDICTION
    . já começava a pensar se teria sido má idéia ter escolhido o maquinaria ao invés do evento que acontecia paralelo, trazendo nada menos que Sonic Youth, além do Sr. Iguana e seus Stooges apresentando o clássico Raw Power. "ai ai, vão tocar o Raw Power... potz, e com o 'spiel master' Mike Watt, santo protetor dos baixistas, segurando a onda toda dos velhos..." "é!", pensei, "deveria ter ido no outro". e pensei assim até os 45 do segundo tempo, quando o esquálido Perry Farrel aparece no palco e começa a sua série de micagens sob o peso californiano da banda de line up invejável: na guita mandando MUITO, o sex symbol de araque Dave Navarro (me perdoem as senhouritas que lhe pagam uma madeira); Eric Avery no baixo, visu clean de velhão em contraponto com os cabelos multicoloridos do começo da banda, e Stephen Perkins na batera/percussão - e naquele latão caribenho que não sei o nome quando eles tocam Jane Says. instrumental de execução irrefutável. mas pro bem ou pro mal, o destaque mesmo era Farrel: com uma roupitcha que parecia tirada da coleção particular de Clóvis Bornay, mais magrelo do que nunca pesando uns 15 quilos, ele pulava torto pelo palco (e caia, umas 2 ou 3 vezes), e falava com o público como se nada mais tivéssemos a nos preocupar, a não ser nos amar e gozar a vida. doce potente, viu. e suas performances a lá Jaspion, com poses de super heroi tirando onda, isso sim era um espetáculo a parte. hits obscuros dos anos 90 como Mountain Song, Stop e Been Caugh Stealing vieram a calhar, mas em momentos como Ocean Size, Then She Did e principalmente Three Days foi quando me lembrei claramente, cantando junto, que eles eram minha banda preferida DE LONGE no começo dos 90. antes de conhecer Fugazi. mas isso é outra história, forget it. encerrando com a sempre agradável Jane Says, figurei que esse show seria bem mais propício se tivesse acontecido no parque... e em 93. mas até aí já valeu o ingresso. ah sim: e as dançarinas acompanhantes de Perry Farrel... wow! eu digo wow, QUE DANÇARINAS, MAN!!!...



    FAITH NO MORE
    . breve contratempo indigesto no palco do fundo, com Supla destruindo a paciencia de qualquer mortal raciocinante-não-ruminante, e pronto, tava começando o FNM. primeiro som muito propício: o clássico do soul Reunited, de Peaches & Herb. essa é a cara do Faith No More pós funk metal, que pessoalmente me fez gostar mais da banda. essa confusão sonora incompreendida pelos mais ardorosos fãs roqueiros coloca muito mais requinte e finesse na banda, misturando Burt Bacharah, Lalo Schifrin e Commodores com GG Alin e Dead Kennedys, e a partir do disco King for a Day eles souberam desenvolver esse clima com muita desenvoltura. e anos depois de projetos aqui e ali, o FNM ainda estava lá, 2009, com essa mesma desenvoltura adquirida. foi genial. impecável. a sequência de hits dispensam maiores detalhes de relatos, porque acredite, foram muitos e foram impecáveis; Roddy Bottum e Mike Bordim milimétricos. um Billy Gould unstopabble. Jon Hudson na guitarra não deixando nenhum centavo a dever ao genial Jim Martin. e Mike Patton... bom, tudo que se disse, que se diz e que se possa vir a dizer sobre Mike Patton, é verdade e um pouco mais; cativante e versátil, sua voz atinge qualquer patamar de tonalidade: pode cantar suave Beyoncé com a mesma animação, cinismo e facilidade que vomita vociferante sons do Naked City ou Napalm Death, com altura e força fora do comum. fala entreoutras linguas, o português, o que lhe dá um crédito a mais sobre qualquer crooner que cole por essas bandas.

    pra dizer a verdade, dentre os projetos de Patton, o que menos me impressiona é justamente o FNM. numa lista que inclui Fantomas, Pepping Tom, Lovage, Mr Bungle, contribuições significativas a obra de John Zorn, Dillinger Escape Plan, Sepultura, Bjork, Tin Hat Trio entre outros, posso esclarecer sua importancia - ou minha admiração - por uma passagem a qual tive a oportunidade de vê-lo de perto, muito perto; em 2000 vi um show do Fantomas em Shibuya, Japão. antes da banda principal, o duo virtuoso japonês Ruins dichavou maior barulho no pequeno palco do clube. eu, num momento de entretimento assitindo o show, olho pro meu lado e o Patton ali, colado a mim, assistindo também ao show. amarelei, suei frio. olhei mais umas duas vezes e ele me olhou e fez cara de que "a banda estava muito boa", assim, com um sinal da cabeça apontando pro palco. esverdeei. não prestei mais atençao no show, e meio que sai de fininho sem conseguir falar nada, pra ficar boquiaberto depois ao ver o que essa punk metal all-stars nos teria a capacidade de mostrar. ontem ele demonstrou de forma clara e massiva como cativa e intimida uma platéia inteira.


    4 coffee junkies:

    1. Marcelo Mayer disse...
    2. não temos mais 20 anos para festivais. mas temos quase 30 para saber oq é música.

      9 de novembro de 2009 às 09:38
    3. Marcelo Mayer disse...
    4. opa, eu sim, vc não... em relação a idade
      rs

      9 de novembro de 2009 às 09:38
    5. Desmanche de Celebridades disse...
    6. Sou da época dos festivais, e tenho saudades. Vc pagava o q? o que seriam uns 50 reais hj, e uma duzia de bandas tocavam. Hj tocam umas 3 e vc paga uns 200 reais. Os tempos mudaram.

      Abraços.

      11 de novembro de 2009 às 08:53
    7. Luna disse...
    8. Não sou da época dos festivais, tenho só 25 anos, mas quando adolesci me apaixonei pelo Mike Patton, rs. acho que se eu olhasse pro lado e ele tivesse assim, perto e olhasse pra mim, eu morreria, cairia dura no chão,tenho certeza mais que absoluta, ou então começava a chorar. rs Mike Patton me beijar, eu hein, eu entrava em transe.rs



      adoro faith no more, e só por uma questão lojistica nao fui ao show.damn it.

      beijo-beijo.

      11 de novembro de 2009 às 23:44