sobre ...o que mesmo?

  • domingo, 28 de junho de 2009
  • Wash.
  • fico meio consternado, sinceramente, ao ter que parafrasear Renato Russo pra poder dizer algo que sinto; tem Drummond, Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues, tem Fernando Bonassi, Hilda Hilst, Ferreira Gullar, tem Arnaldo Jabor... (não, Arnaldo Jabor não...) enfim, tem tanta gente interessante pra citar, e eu invento de citar logo o Renato Russo (sic). cretino da minha parte, eu sei. de qualquer forma a citação não é 100% de autoria dele, já que isso provavelmente deriva de alguns ditos populares, o que faz sentir-me à vontade ao cair no domínio público. a idéia é a seguinte:

    "o erro de ser barco à motor e insistir em usar os remos é tão imbecil quanto o mal que a água faz quando se afoga,e o salva-vidas não está lá, só porque não queremos ver..."

    curioso que isso serviu como uma luva pra mim, nesse exato momento. como uma luva!! posso anexar isso também aos verbetes "dar murro em ponta de faca" e "bater na mesma tecla", entre outros que não me recordo agora.

    se você não me entendeu, não faz mal. de qualquer forma tudo bem. um dia eu aprendo. enquanto isso é melhor se divertir, porque arrancar as calças e sapatear em cima não vai resolver nada, néisso parceiro?? my manta ray is allright!! deixa o relógio correr até o gongo soar! ou então a gente vai pra lona no nocaute mesmo. deixa a porrada comer.

    odeio falar por falar, mas ahhhh, que saudade de Barcelona! ...felizes são os peixes de lá. (isso é citação de quem mesmo?)

    sobre o nível de cretinice na criação publicitária local...

  • quarta-feira, 24 de junho de 2009
  • Wash.
  • propaganda no SBT de um toque de celular que chama pelo seu nome por uma voz pré-gravada; me imagino dias depois de ter trabalhado numa equipe de criação dessas:

    oi, meu nome é joão, eu trabalhava numa equipe de criação tão cretina, que na sua última cartada contra o bom gosto da massa, criou um djingle para toque de celular em que uma voz masculina cantarolava "maria / te ligam / maria / atende" e vice-versa com uma voz feminina para o equivalente másculo, e no momento em que apresentavam esse projeto eu cai no chão em gargalhadas resfolegantes a ponto de meus colegas de trabalho imaginarem que eu estava tendo um ataque cardíaco. fui demitido por isso. amigos: eu sou um sarcástico anônimo. (mesmo que eu acredite que sou apenas meio grau acima do nível...)

    sobre comédia de erros

  • Wash.
  • cara, tô chocado com essa estória que acabei de ver na tv - não vou falar da tv de quanto ela é manipuladora de informações etc e tal, sou viciado em tv, então já tenho "discernimento" (palavra efêmera) do que tou falando "enquanto um ser viciado, eeentendeu"... , e se um dia eu tiver culhões de enfrentar os meus vicios eu escrevo algo sobre isso aqui nesse catzo, enfim, tava vendo o jornal e falaram dessa estória do empresário de Jandira que foi categoricamente sequestrado por uns caras muito profissas e descoberto depois de investigações que era uma funcionária dele que passava todas as coordenadas de como deveria ser a parada...!!! bicho, deveras sério aqui: eu pensava que essas sequências de erro locas só aconteciam nos filmes dos irmãos Coen.... hairy, man!... hairy situation...

    sobre a duvida

  • quarta-feira, 17 de junho de 2009
  • Wash.
  • onde estava o amor, quando a cabeça do Batista foi servida numa bandeja de prata, ao bel-prazer de uma amante acostumada aos mimos de um rei?

    e onde estava o amor quando os cavalos foram atirados ao mar para aliviar a carga dos navios, e deixados à deriva, à mercê das aguas frias e aos dentes afiados dos tubarões?

    e quando o anjo decidiu ser mortal pelo amor de uma trapezista, e a trapezista partia pro mundo dele num estranho ato de vingança divina, onde estava o amor?

    e onde estava o amor quando o monge calmamente se sentava no pavimento e embebia o corpo com gasolina pra no momento seguinte, atear fogo em si mesmo?

    isso me ocorreu, como sempre, andando pela rua e observando as pessoas, ouvindo Jeff Buckley a berrar, numa busca desesperada, numa súplica irrefutável: "What is love? Where is happiness? What is a life? (...) Tell me where is the love in what your prophet has said?"

    pois é. eu também queria saber.

    e enquanto a resposta definitiva não vêm, eu fico com a minha: "o amor está nos olhos do peixe fisgado pela isca que o encanta hipnotizado, sem saber do anzol que o espera."

    da série "bandas que não merecem o esquecimento": Steel Pole Bath Tub

  • sexta-feira, 12 de junho de 2009
  • Wash.
  • Steel Pole Bath Tub

    minhas raízes - as musicais e sonoras, vamos deixar isso bem claro - ainda estão bem presas aos anos 90. de fato grande parte do que é produzido hoje no rock, digamos 50%, vêm dos anos 90. outros grandes bocados vêm dos anos 60 e 70, uma pequena faixa aproveitável dos 80, sem contar a face punk/hardcore fundamental, e sobra um restinho de lixo do novo milenio, bem restinho mesmo; nem é ranço de velho punk, é que as bandas não são mais como antigamente mesmo, não tem jeito... certo, já estou me estendendo demais de novo... pegando o fio da meada: anos 90.

    atualmente o que é utilizado dos 90 é uma parcela que caiu no gosto popular: a nata do grunge, investidas hard rock metal a lá Sad But True, as bandas que baixaram a afinação pra (num engano patético) ficarem mais pesadas... mas a coisa fina, a finesse dos 90 mesmo, simplesmente foi descartada, esquecida; fico embasbacado da TANTA coisa que não é nem citada como influencia, nem a minima referência que seja, que deglutiram a melhor coisa que os anos 60, 70 e 80 lhes deram, e inovaram nos 90 pra simplesmente dar um passo a frente. sim, eles deram um passo a frente. nos anos 90. e hoje, o que aconteceu? a sequência de raciocinio diz que nós, no sec. 21, aproveitamos o que eles deixaram e demos o próximo passo, certo? errado: o som parou lá, a verdadeira inovação dos 90 ficaram por lá mesmo, praticamente. se levarmos em conta das bandas que aproveitaram o fino dos 90 no som de hoje em dia, dá pra contar nos dedos da mão. do Lula. se tratando do panorama gringo então, indie ou mainstream, acredite se quiser, acho que tá pior do que o nosso rock brazuca atual... fato.

    minha tarefa aqui - ahh como eu sou grandioso..... NOT! - minha tarefa aqui é resgatar algumas bandas que deveriam estar no verdadeiro hall of fame do rock, e inseri-las nos corações e mentes de toda uma nova geração! que nobre missão, não?... ou pelo menos de quem estiver interessado, já seria um começo. e eu começo por um trio de Montana chamado Steel Pole Bath Tub. ou Steelpole Bathtub. ou SPBT, se for preguiçoso pra escrever.

    não faço ideia de como é a cena do rock alternativo em Montana, mas não deveria ser das mais animadas, já que os amigos Mike Morasky (guitarra e vocal) e Dale Flattum (baixo e vocal) arrumaram suas malas e foram pra San Francisco ver se encontravam coisa melhor. não antes de dar uma passadinha em Seattle, a Seattle do inicio do grunge, a Seattle SubPop, só pra sacar o cualé do som. aproveitaram pra recolher o batera Darren Mor-X, completando o trio. que eu saiba essa foi a formação da banda desde seu nascimento em 88, até os conturbados encerramentos em 2002, em tretas contra executivos da Slash; aliás a tipica luta surgida com o advento instantâneo do Nirvana como sucesso comercial da Geração X: conflitos entre processos criativos e direitos autorais foi o que levou 6 de cada 10 bandas boas dessa época a desistirem. o próprio Cobain surtou por esse mesmo motivo, uma provável causa de sua morte. fora a vaca com quem ele casou, claro.

    o som dos "canos de banheiro"?... verdade, ainda nem falei do som. bom, o que posso dizer é... dificil de dizer! a base é punk: rude e barulhento. o som tem parentesco em grau proximo com Ministry e Unsane, basicamente são irmãos gêmeos dos Melvins respingando ácido do Velvet Underground, no peso e na intensidade, nos vocais com dentes trancados de raiva, no prolongamento de notas que só causam confusão de direção... e repleto de colagens de sons retirados da tv, gritos, sirenes, bombas, explosões. caos. desordem. um "28 dias depois" sonoro. um "11 de setembro" mental.

    teve uma época que eu estava tão viciado nessa pegada de som do estilo Steel Pole Bath Tub e similares, que eu procurava qualquer coisa deles como um garimpeiro atrás do diamante azul. uma vez, quando morava no Nihon, nas minhas longas andanças de bike pelas cidades vizinhas, pedalei cerca de 12 kilometros de Ooarai até Hitachi por um cd do SPBT, que eu tinha vasculhado e encontrado num sebo, em outra ocasião. aproveitei uma rusga com a patroa e fui até a cidadezinha, torcendo pro cd ainda estar lá. estava. foi um belo rolé, pra mim que nem sou "O" esportista foi um rolazasso! mas valeu cada pedalada. se bem que o rasgo foi pior ainda depois que cheguei em casa...(sic). mesmo assim valeu a pena.

    creio que não tem musica certa pra citar, pra dizer o que a banda foi. mas o primeiro eu que ouvi dos SPBT foi o single de Bozeman (nome da cidade natal deles em Montana). comprei um singlezinho em alguma loja perdida da galeria, por 3 reais, me lembro bem. no fim da música eu estava de boca aberta pelo caos e causticidade do bagulho. de boca aberta, queixo no chão. era tudo e era nada. era a destruição pela bomba e a poeira assentando. o single ainda incluia os sons Borstal e Arizona Garbage Truck, e até hoje são as minhas três preferidas deles. um clássico do genero, se é que tem genero. se não tem, é compreensivel: eles o criaram e o mantiveram pra si mesmo.

    http://steelpolebathtub.com/
    http://en.wikipedia.org/wiki/Steel_Pole_Bath_Tub

    de presente, a discografia do SPBT - ahh: 90% dela, vai... aproveitem bem essa iguaria sonora porque é dificil pra caralho de achar por aí: eu mesmo devo ter levado uns 4 meses pra recolher tudo, e sei que falta coisa...

    1988 - First Tape
    1988 - We Own Dddrills
    1989 - Butterfly Love
    1990 - Lurch
    1991 - Tulip
    1991 - Tumor Circus
    1993 - The Miracle of Sound in Motion